sexta-feira, 26 de setembro de 2014

O “Tao da Física”, de Fritjof Capra

 

“Quando a natureza essencial das coisas é analisada pelo intelecto tem que parecer absurda ou paradoxal” — Fritjof Capra, “O Tao da Física”, página 47, 1989 (Editorial Presença, Lisboa)

Fritjof Capra referia-se à dualidade da natureza das partículas elementares subatómicas. As partículas elementares manifestam-se, ora em forma de partículas, ora em forma de ondas. E conclui ele que, à luz do nosso intelecto, essa dualidade tem que parecer absurda e paradoxal.

Só uma pessoa formatada por uma cultura cientificista poderia pensar desta maneira. Ou seja, só um homem moderno pensaria assim. O homem moderno pensa que “a lógica evolui”: não lhe passa pela cabeça que o Homem descobriu apenas uma parte da lógica e que continua a descobri-la. Há mesmo quem diga que os números primos, por exemplo, foram inventados pelo ser humano, e que a própria lógica é uma invenção humana. Assim não admira que “quando a natureza essencial das coisas é analisada pelo intelecto tem que parecer absurda ou paradoxal”.

Nós passamos de um intuicionismo primordial e medieval para um racionalismo moderno e actual. Não encontramos um meio-termo. Não encontramos uma justa medida. Ainda não aprendemos a diferença entre “racionalismo”, por um lado, e “racionalidade”, por outro lado — e ainda não aprendemos que a intuição propriamente dita é racional.

Quando nós não compreendemos um fenómeno (seja natural ou cultural) dizemos que é “absurdo”.

Mas aqui, a classificação de “absurdo” não decorre de uma análise do fenómeno, mas antes da forma ou da posição a priori a partir da qual observamos o fenómeno. Existem duas grandes forças da natureza: a força quântica e a força entrópica da gravidade; e cada uma dessas forças tem a sua própria lógica, o que significa que quando analisamos a lógica da força quântica temos que, em primeiro lugar, “mudar o chip com que vemos a realidade; e partir da “mudança de software” cerebral, deixamos de dizer que “quando a natureza essencial das coisas é analisada pelo intelecto tem que parecer absurda ou paradoxal”.

Depois, existe aqui um problema complicado: não é possível entender a imanência da força quântica sem conceber uma realidade transcendente apodíctica. Portanto, já não é suficiente “mudar o “chip” da lógica da Física clássica para a lógica da Física quântica (aliás, a matemática formal estabelece uma ligação clara entre os dois tipos de lógica).

Uma partícula elementar pode existir na natureza durante milhões de anos, ou pode “desaparecer misteriosamente” em um milionésimo de segundo do nosso tempo. As partículas elementares “aparecem” e “desaparecem” continuamente, como que por “magia”. Quem as faz aparecer e desaparecer, ninguém sabe; mas tem que haver uma razão pela qual elas aparecem e desaparecem: as coisas não acontecem por “acaso”.

Por exemplo, a ciência pode prever que ½ de grama de urânio se decompõe em 4,5 milhões de anos; porém, à ciência não é possível dizer quando apenas um só átomo de urânio se decompõe: pode levar muitos milhões de anos ou pode decompor-se imediatamente (em termos do nosso tempo). Isto é um facto. O que ninguém sabe — nem o blogue Rerum Natura sabe! — é por que razão existe, em potência, uma discrepância temporal tão grande na decomposição de um átomo de urânio.

Ademais, na lógica da realidade quântica, o tempo e o espaço, ou não existem, ou então existem de uma forma insipiente (ou seja, existem de uma forma aproximada em relação à realidade criada pela lógica da Força Entrópica da Gravidade).

Essa não-existência do tempo e do espaço (parcial ou total) na realidade lógica da força quântica foi demonstrada através do fenómeno de “entrelaçamento quântico”, em que duas partículas elementares podem comunicar entre si simultaneamente (tempo anulado) a grandes distâncias (espaço anulado). Quando o tempo e o espaço são parcial ou totalmente anulados, temos que conceber logicamente uma realidade transcendente — uma realidade que transcende não só a força quântica como também a Força Entrópica da Gravidade.

“Pesquisadores da Universidade de Jerusalém usaram um fenómeno da mecânica quântica chamada entrelaçamento quântico para provar que fotões, que não existem no mesmo período de tempo, podem comunicar entre si. Por outras palavras, um fotão do presente pode comunicar com um fotão do 'Além'.”

Fotões conseguem comunicar do “Além”

Sem comentários:

Enviar um comentário

Neste blogue não são permitidos comentários anónimos.