terça-feira, 23 de setembro de 2014

Stephen Hawking e a entrevista ao jornal espanhol “El Mundo”

 

Não me queria referir a este assunto, porque o estado de saúde de Stephen Hawking merece misericórdia e respeito. Mas já que Carlos Fiolhais se referiu ao assunto, aqui vai.

Stephen-Hawking-a-secoO pensamento de Hawking é a negação do nexo causal, portanto, na prática, acientífico. A ideia de “um universo que se pode criar do Nada, por geração espontânea”, é acreditar num milagre. É evidente que existe aqui implícita a ideia de um “milagre”, e essa ideia de milagre (entendido em si mesmo) é de origem cristã (no caso de Hawking).

Quando Stephen Hawking fala em “mente de Deus” e “mente humana” (em inglês: “mind”, que significa também “espírito”), está a utilizar conceitos cristãos.

Por exemplo, um ateu propriamente dito e coerente, em vez de dizer à sua mulher “Amo-te de corpo e alma”, diria o seguinte: “Querida! A dopamina tomou conta do meu bolbo caudal raquidiano!”

Para um ateu não pode, em coerência, existir “mente” ou espírito”: antes existe uma caixa craniana com um montão de moléculas em constantes reacções químicas; também não pode existir “verdade”, porque o montão de moléculas em reacções químicas pode induzir tipos de verdades diferentes dependendo dos indivíduos. A minha química pode chegar a uma conclusão diferente da tua; por isso a verdade não existe e a ciência também não.

Há uma coisa que eu admiro em Stephen Hawking: tem uma vontade estóica. Qualquer pessoa na situação dele já tinha defendido a eutanásia. E essa qualidade de Stephen Hawking não pode ser escamoteada.

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