segunda-feira, 13 de outubro de 2014

José Pacheco Pereira e a pedofilia

 

“Escrevi pedofilia entre aspas porque a palavra é das mais ambíguas que por aí correm, mais sujeita a simplificações, deturpações e ignorâncias. Estamos perante realidades muito diferentes entre si, umas de claro carácter patológico, outras da ordem das perversões sexuais, outras criminosas, e outras dependentes de factores sociais e culturais. Outras ainda, indevidamente classificadas na pedofilia, que na percepção popular inclui o abuso de menores, como se fosse a mesma coisa.

José Pacheco Pereira

Uma coisa que eu desprezo no José Pacheco Pereira é uma certa tendência para um gongorismo intelectual — não o tradicional gongorismo da escrita académica, mas uma tendência para complicar o que, muitas vezes, é simples. O discurso do José Pacheco Pereira é anticientífico: o princípio da navalha de Ockham não se lhe aplica.

¿As “perversões sexuais” não são de “carácter patológico”?! Mas do que é que José Pacheco Pereira está a falar?!

Ou seja, segundo o José Pacheco Pereira, há “perversões sexuais” que não têm “carácter patológico”. Desde logo teríamos que ter a noção de “perversão sexual”; mas, pelo visto, para o José Pacheco Pereira há pedófilos que não são “sexualmente pervertidos”, ou não têm qualquer “patologia”.

Fico pior que estragado com este tipo de raciocínio!


Eu também sou contra a lei da base de dados dos pedófilos da ministra Paula Teixeira da Cruz.

Por dois motivos: em primeiro lugar, não gosto dela (da ministra); olhar para ela, na televisão, causa-me imediatamente um transtorno emocional negativo. Tresanda a feminista burra (tal como a Teresa Leal Coelho).

É claro que isto não é um argumento objectivo, mas também tenho direito à minha subjectividade (tal como o José Pacheco Pereira acha subjectivamente que uma perversão sexual não é necessariamente uma patologia).

Em segundo lugar, a lei é perigosa, porque quebra princípios fundamentais que orientam o estatuto ontológico da pessoa — e não só do cidadão. Hoje, a classe política tem imensa dificuldade em distinguir a pessoa, do cidadão. Por exemplo, vemos como David Cameron prepara uma lei que restringe a liberdade de expressão em nome do combate ao terrorismo: o princípio é o mesmo: o de uma classe política constituída por “gente menor” (como dizia o saudoso José Hermano Saraiva).

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