segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Pedro d'Anunciação e o Padre Gonçalo Portocarrero de Almada

 

“Diz-se que é da Opus (‘o Opus’, como a sua gente prefere dizer), e consegue ter artigos relativamente regulares no Público. Não com o mesmo destaque dos do Frei Bento Domingues, no mesmo jornal, ou os do Prof. Anselmo Borges, no DN – mas também estão longe de conseguir a mesma qualidade teológica.

Digamos que o Pe. Almada é mais um prosélito, preocupado com a propaganda da organização a que pertence, e imaginando-se cheio de graça. Mas reparei, perplexo, que se auto denomina ‘vice-presidente da Confederação Nacional das Associações de Família’. Ora esse não me parece papel a ser desempenhado por um sacerdote impedido (ao que parece, com gosto – tanto que ficará desgostosíssimo quando a Igreja evoluir, ou mudar, neste ponto). Compreendo pais de grandes famílias, como o falecido Fernando Castro, ou os ainda vivos Luís Cabral e Ana Cid Gonçalves, nesses cargos, e nessa representatividade. Mas um padre, a representar as famílias? Não seria melhor dedicar-se ao sacerdócio – ou será daqueles que tem uma noção burocrática sobre o assunto? Talvez um estágio na Casa Mãe da Opus, em Espanha (onde a organização parece bastante mais avançada do que em Portugal), já que também ostenta um apelido castelhano (Puertocarrero), não lhe fizesse mal.”

Pedro d'Anunciação

1/ quem lê este blogue sabe que nem sempre estou de acordo com o Padre Gonçalo Portocarrero de Almada — e não “Puertocarrero”, como se diz no texto em uma malícia inusitada. Mas comparar a qualidade da teologia do Padre Gonçalo Portocarrero de Almada, por um lado, e a de Frei Bento Domingues, por outro lado, só pode ser anedota: seria como comparar, por exemplo, a “teologia” de Leonardo Boff com a do Padre Paulo Ricardo. Há quem goste mais da “teologia” do Boff, assim como há quem goste mais da teologia de Frei Bento Domingues, mas aqui já não estamos a falar de teologia mas de ideologia política pura e dura.

2/ o Pedro d'Anunciação tem oito filhos, o que é louvável. Eu tenho oito irmãos e tenho, por isso, uma noção do que isso significa.

Mas o facto de o Pedro d'Anunciação ter oito filhos não permite que racionalmente defenda que um Padre não possa ser vice-presidente da Confederação Nacional das Associações de Família. O argumento do Pedro d'Anunciação é non sequitur, que é uma falácia lógica que consiste em tirar uma conclusão errada a partir de uma premissa errada ou falsa:

a1) Para se ser vice-presidente da Confederação Nacional das Associações de Família, não se pode ser celibatário.

a2) O Padre Gonçalo Portocarrero de Almada é celibatário.

b) Logo, segue-se que o Padre Gonçalo Portocarrero de Almada não pode ser vice-presidente da Confederação Nacional das Associações de Família.

A premissa (a primeira proposição) é falsa. A implica B; A é falso; → (logo) B é falso. O raciocínio do Pedro d'Anunciação é falacioso e segue a tradição nominalista jacobina. Não digo que o Pedro d'Anunciação faça isto de propósito: trata-se de um vício de forma de raciocínio adquirido através da cultura intelectual.

O facto de uma pessoa ser celibatária não impede que, por razões de mérito pessoal reconhecido publicamente, seja escolhido para ser vice-presidente da Confederação Nacional das Associações de Família.

O que o Pedro d'Anunciação poderia fazer, de uma forma coerente, seria colocar em causa o mérito pessoal do Padre Gonçalo Portocarrero de Almada: já lá iremos.

3/ o Pedro d'Anunciação incorre em outra falácia lógica: Ignoratio Elenchi . Ou seja, não tem nada a ver o cu com as calças. A falácia Ignoratio Elenchi consiste em querer provar a veracidade de um argumento ou de um facto, mas em vez disso, o raciocínio da argumentação chega a um conclusão que não prova o facto ou a situação que se pretendia, ou então prova outra coisa qualquer. Também se diz que “o falacioso tergiversa”.

4/ o Pedro d'Anunciação pretende retirar mérito pessoal ao Padre Gonçalo Portocarrero de Almada para assumir as funções de vice-presidente Confederação Nacional das Associações de Família.

Para isso, o Pedro d'Anunciação entra no ataque pessoal — ad Hominem —, por exemplo quando insinua que o Padre pertence à OPUS DEI (como se fosse uma espécie de crime), por um lado, e, por outro lado, assume a certeza de que o Padre pertence à OPUS DEI.

Por um lado, Diz-se que é da Opus (‘o Opus’, como a sua gente prefere dizer)”; mas, por outro lado, “Digamos que o Pe. Almada é mais um prosélito, preocupado com a propaganda da organização a que pertence”. Por um lado, “parece que é”; mas logo a seguir, “é mesmo”.

Finalmente, o Pedro d'Anunciação incorre em uma quarta falácia: Audiatur Et Altera Pars: o pressuposto do texto, que está implícito mas não explícito, é o ataque pessoal (ad Hominem) embora disfarçado em uma análise crítica ideológica ou de crítica objectiva ao mérito pessoal do Padre Gonçalo Portocarrero de Almada.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Neste blogue não são permitidos comentários anónimos.