domingo, 16 de novembro de 2014

Afinal, havia outro Karl Marx

 

É conhecida a teoria segundo a qual Nietzsche não teve culpa do nazismo; mas a verdade é que as ideias têm consequências. De modo semelhante, é recorrente dizer-se que Karl Marx não teve culpa do estalinismo. A Raquel Varela, tentando branquear Karl Marx, escreve o seguinte:


“Cada empresa é rigorosamente controlada e protegida pelo seu Estado, se necessário, com exércitos na frente.”

O que se pode entender desta frase no contexto— porque a Raquel Varela tem um discurso “dispersivo”, em que as ligações entre conceitos são “aligeiradas” —, é que Karl Marx nunca dissociou o Estado, por um lado, das corporações (por exemplo, as empresas), por outro lado; e que Karl Marx “nunca quis dizer que o poder dos Estados se tinha diluído num qualquer poder multinacional”.


Na sua “Crítica da Filosofia Hegeliana do Direito Público” (1843), Karl Marx concebe o Estado como uma figura de uma abstracção necessária cuja função é sancionar, do ponto de vista do interesse universal, os resultados das lutas de interesses particulares que definem o mecanismo de funcionamento da sociedade civil. As corporações (por exemplo, as empresas), são consideradas por Karl Marx como “compromissos equívocos” (sic). O Estado é separado — por Karl Marx — das condições da sua existência real e concebido como um sujeito imaginário (Hayek não diria melhor!).

Em um artigo escrito em 1842 no jornal Reinische Zeitung, Karl Marx chegou mesmo a defender o sufrágio universal da democracia liberal. Este era um Karl Marx que poderia perfeitamente fazer parte do Partido Social Democrata de Passos Coelho. E, com um pouco de paciência, ainda vamos ver a Raquel Varela como ministra de um governo de António Costa.

1 comentário:

  1. O Marxismo é como o Islão, dá uma no cravo e outra na ferradura...

    Presumo que o Orlando já tenha lido o Alcorão. Pessoalmente tenho dois, um editado pela Arábia Saudita e que me foi oferecido por um saudita e outro em português editado pela Europa-América. O Alcorão tanto advoga a matança de inocentes, como defende exactamente o contrário e por isso mesmo dá para ser interpretado como se quiser. Tanto pode ser a religião da paz, como a religião da guerra...

    O Marxismo é muito parecido com o Islão, tanto na sua ortodoxia, como nos métodos extremos e engenharias sociais propostas. Tanto podemos falar de um "marxismo bom", como podemos falar de um sistema de terror e morte.

    Não acredito que a Raquel Varela seja adepta do terror e morte, mas acredito que é uma grande ingénua e sempre embirrei com ela, não apenas devido às suas ideias, mas também devido à sua pesporrência insuportável...

    Divulguei:

    http://historiamaximus.blogspot.pt/2014/11/afinal-havia-outro-karl-marx.html

    ResponderEliminar

Neste blogue não são permitidos comentários anónimos.