sábado, 6 de dezembro de 2014

O discurso das novas Tias de Cascais

 

“Depois aprendi a vestir-me dessa pobreza. Isto é: a habitá-la. Ouvir de antepassados, das mortes de filhos à sorte de surtos sem estado social, da partilha com o afecto da proximidade, da ausência de alternativa, de ausência de um grito a reclamar que reclamassem a cidadania dos direitos e não do assistencialismo fascista.


Vesti-me dessa pobreza. Para poder ser a pobreza, isto é, ser o outro, e falar dela sem truques mas sempre assumindo um discurso ideológico. Porque para pobreza, basta a pobreza.


Assisti a um caminho de redução gradual e sustentada dos níveis de pobreza. Cada pobre atirava-me para a responsabilidade colectiva da erradicação do horror da indignidade, mas assisti a esse caminho. Sei que se deveu às mãos de muita gente, do Estado e da sociedade.


Não percebo por que razão este Governo apostou no “empobrecimento regenerador”, não percebo por que razão este Governo preferiu a abstracção ao país real e destruindo a classe média cortou as pernas aos pobres.”

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