quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Ludwig Krippahl: mistura, baralha, confunde, e diz que é ciência


Neste verbete defendi muito sucintamente a tese segundo a qual  “a evolução darwinista é impossível”. Quanto falo em “evolução” quero dizer “macro-evolução”. O Ludwig Krippahl critica aqui o meu verbete mas referindo-se à  micro-evolução (adaptação ao meio-ambiente). Assim a gente não se entende.

Parece que o Ludwig Krippahl incorre da falácia do espantalho, porque critica uma posição minha que eu não defendi.



Definição:

No sentido biológico, “evolução” designa um processo pelo qual a vida emerge da matéria não-animada e se desenvolve depois por meios exclusivamente naturais. Foi esse o sentido que Darwin emprestou à palavra e foi retido pela comunidade científica.


Escreve o Ludwig Krippahl:

“Em biologia, o termo (evolução) refere-se à variação da distribuição de características hereditárias numa população conforme novas gerações substituem as anteriores.

O que se propõe ser mais ou menos aleatório são os mecanismos que influenciam a evolução de uma população.”

Ou seja, segundo o Ludwig Krippahl, a evolução não é aleatória, mas é “mais ou menos” aleatória. É um NIM.

Mas aqui o Ludwig Krippahl está a misturar a micro-evolução com a macro-evolução — está a meter tudo no mesmo saco —, enquanto eu faço a distinção entre os dois tipos de “evolução”. A adaptação ao meio-ambiente (micro-evolução) é evidente: não precisa de demonstração. Nem faz parte só da ciência: faz parte do senso-comum muito antes de Darwin: Aristóteles já falava do assunto.

Portanto, estamos certamente a falar de coisas diferentes, e o Ludwig Krippahl partiu do princípio errado de que eu me referia à  micro-evolução. E como o princípio não está correcto, a argumentação subsequente do Ludwig Krippahl “falha o alvo”.

A seguir, escreve o Ludwig Krippahl:

“Finalmente, Braga alega que a evolução é impossível porque «não existe informação prévia» (...). Mas a evolução não procura (…) qualquer alvo predeterminado.”

Pois é: segundo o Ludwig Krippahl, a evolução é cega, porque “não procura qualquer alvo predeterminado”. Ou seja, segundo ele, “a evolução é aleatória e não guiada”, tal como me referi no meu verbete e que foi, em uma primeira fase do verbete dele, negado.

Se a evolução (segundo o Ludwig Krippahl) “não procura qualquer alvo predeterminado”, não pode ser guiada e tem que ser aleatória no sentido em que a informação disponível em um determinado estádio de evolução — “evolução” segundo o conceito do Ludwig Krippahl — não prevê minimamente as características do estádio de evolução seguinte.

Na teoria da informação — simplificando o que é complexo — podemos fazer uma analogia com a segunda lei da termodinâmica: a quantidade de informação transmitida pode ser entendida como entropia negativa; na transmissão de informação, a entropia negativa decresce continuamente, uma vez que a entropia positiva (perdas de informação) aumenta também continuamente. Ou a teoria da informação é falsa, ou a evolução darwinista (ver definição supracitada) é impossível.

A noção que o Ludwig Krippahl tem no teorema de Gödel parece ser rudimentar, e mesmo imprecisa. Escreve ele:

“O teorema de Gödel mostra que qualquer sistema formal suficientemente expressivo admite proposições verdadeiras que não podem ser demonstradas a partir dos axiomas desse sistema formal.”

Se uma proposição não pode ser demonstrada a partir de axiomas desse sistema formal, ¿como é que o Ludwig Krippahl sabe que a proposição é verdadeira? Ele sabe que a proposição é verdadeira porque existe um segundo sistema superior ao primeiro que demonstra a veracidade da proposição do sistema inferior — e por aí fora. Ou seja, existe uma informação de ordem superior que legitima e demonstra a veracidade da informação de um sistema inferior.

Por exemplo, o teorema de Gödel, e segundo a teoria da informação, exclui a possibilidade de se construir uma máquina que resolva todo e qualquer problema — o que torna absurda a ideia do Ludwig Krippahl segundo a qual o teorema de Gödel “é importante para alguns problemas lógicos, matemáticos ou de computação, mas não tem nada que ver com a teoria da evolução”  — porque a evolução não é outra coisa senão uma tentativa continuada de resolução de problemas. ¿Será que o Ludwig Krippahl entende bem o que eu quero dizer?

Se a concepção da vida, segundo a evolução darwinista, é mecanicista (naturalismo), o teorema de Gödel aplica-se-lhe que nem uma luva, por maior ou menor dissonância cognitiva que o Ludwig Krippahl tenha que enfrentar.

Se a evolução não é guiada — ou seja, se não existe qualquer informação prévia que oriente a evolução nos sucessivos estádios —, ou seja, se o naturalismo se associa à  evolução, então a possibilidade das nossas faculdades cognitivas serem credíveis é muito baixa. Se “evolução + naturalismo” é aceite, não estamos em presença de faculdades cognitivas credíveis. Não dá com certeza para um prémio Nobel senão em um mundo em que o naturalismo é uma religião que é incompatível com a própria evolução.

“Nem é relevante para a formalização matemática da teoria nem é preciso os escaravelhos saberem que o teorema de Goodstein sobre sequências de números naturais não pode ser demonstrado na álgebra de Peano para que os mais camuflados se escapem melhor dos predadores.”

Segundo o Ludwig Krippahl, os nossos cérebros — à  semelhança dos cérebros dos escaravelhos — são formatados pela “evolução” para a sobrevivência, e não para a verdade. Com um jeitinho da política, ele terá o Nobel garantido.

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