domingo, 22 de março de 2015

Cara Inês Teotónio Pereira : não compreendo essa coisa do “pai moderno”

 

“Aos pais de hoje pede-se que vão à escola às festas dos filhos, que mudem as fraldas dos bebés, que lavem a loiça, que saibam escolher as roupas das filhas e que cozinhem o jantar. Os pais de hoje têm de partilhar funções que dantes eram da exclusividade das mães. O mundo mudou e nessa mudança é obrigatório que os pais também mudem.”

Inês Teotónio Pereira

Eu fui um patriarca na família que não deixou de mudar os cueiros à prole; um patriarca é isso mesmo!

No princípio da década de 1980 fui pai pela primeira vez. Quando estava em casa, fazia questão de ser eu a mudar-lhe as fraldas e a dar-lhe o banho diário — logo desde os primeiros dias de vida. De vez em quando também cozinhava, mas já não era de lavar a louça. A limpeza da casa era feita a meias. O meu filho mais velho só adormecia deitado em cima da minha barriga; e ali ficava eu (acordado, claro!) até ele adormecer e depois ia deitá-lo na cama dele.

Em finais da década nasceu o meu segundo filho, e o ritual repetiu-se: o banho diário dele era tarefa minha salvo raras excepções (sempre ao fim do dia, quando chegava do trabalho), e sempre que estava em casa também lhe trocava as fraldas; lembro-me bem dos produtos de limpeza e lencinhos próprios comprados na farmácia e utilizados na higiene da mudança da fralda, e da preocupação com a limpeza especial das pequenas rugas do bebé para evitar a inflamação da pele.

David 23 de Julho de 1982


A minha preocupação com os filhos nunca me inibiu de ser macho — ou seja, era eu quem mandava e quem tinha a última palavra em casa, para o bem e o para o mal. Portanto, essa coisa do “pai moderno” é treta: há, como sempre houve e apesar da cultura antropológica predominante em cada época, pais com bom-senso e pais sem ele.

Pelo contrário, o “pai moderno” é hoje — em juízo universal — aquele que faz os filhos, pede o divórcio unilateral e na hora para não ter que os aturar, deixa a mulher sozinha com os filhos nos braços, e não paga a educação dos filhos alegando que não tem dinheiro — e tudo isto em nome de leis que defendem o feminismo e a autonomia da mulher. Esta é a verdadeira “mudança” de que a Inês Teotónio Pereira não fala: a mudança que irresponsabiliza o homem (e a mulher, noutros aspectos) em nome da “luta contra a família patriarcal”.

Eu fui um patriarca na família que não deixou de mudar os cueiros à prole; um bom patriarca é isso mesmo!

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