quinta-feira, 26 de março de 2015

O ableísmo homossexual

 

A melhor definição de “ableism” pode ser encontrada aqui:

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“Ableism” é a ideia de que palavras comuns, usadas todos os dias, devem ser consideradas ofensivas em relação a certas pessoas com determinadas incapacidades e/ou anomalias.

Por exemplo:

Dizer “maluco” é “ableism”, e é ofensivo em relação a pessoas malucas.

Dizer “mudo” é “ableism”, e é ofensivo em relação a pessoas mudas.

Dizer “caminhar” é “ableism”, e é ofensivo a pessoas em cadeiras de rodas.

Dizer “invertido” é “ableism”, e é ofensivo para os gays”.

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“Ableism” não é exactamente a mesma coisa que “capacitismo”, pelo menos no sentido dado aqui. O ableism não se aplica somente a pessoas com incapacidades físicas: também se aplica a qualquer tipo de característica, seja psicológica ou física, que afaste um determinado indivíduo da normalidade (qualquer que seja) constatada por uma curva de gauss. Se Albert Einstein vivesse hoje, poderia eventualmente acusar a sociedade de “ableism” por “tornar invisíveis” as pessoas com uma inteligência superior à média.

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À falta de melhor, e dado que “capacitismo” não é a mesma coisa que “ableism”, vamos importar o neologismo “ableísmo”.

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O ableísmo impõe a ideia segundo a qual a sociedade é sempre culpada pela situação do indivíduo que, em qualquer aspecto da sua identidade (ou falta dela), se afaste da normalidade necessariamente imposta pela curva de gauss. O ableísmo pretende impôr à sociedade a ideia de que não existe qualquer tipo de normalidade, que o indivíduo é incategorizável, não existem categorias que classifiquem o ser humano, e portanto o pensamento racional e a ciência são também formas de ableísmo.

Por outro lado, o ableísmo projecta para a sociedade a culpa do comportamento pouco saudável de um indivíduo. Por exemplo, se um gay tem um cancro anal ou apanhou a SIDA, sente-se pouco à vontade em falar do seu problema e, por isso, ele diz que a sociedade o tornou invisível e que é vítima de ableísmo. A culpa é sempre da sociedade e nunca da putativa vítima de ableísmo.

Como é normal num blogue politicamente correcto como é o Jugular, os homossexuais são, alegadamente, “tornados invisíveis pela sociedade”, o que (alegadamente) constitui uma forma de ableísmo em relação aos homossexuais.

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O que torna o ableísmo insuportável é que inibe qualquer discurso: qualquer palavra proferida pode ser tida subjectivamente como uma forma de ableísmo. A vítima de ableísmo vive, como é óbvio, da sua subjectividade, e por isso qualquer interpretação subjectiva do homossexual pode ser uma forma de ableísmo. Ou seja, o próprio ableísmo impõe as barreiras ao discurso e à comunicação de que se queixa que não existem.

Por exemplo, se um médico se dirige a um homossexual de uma forma que este considere subjectivamente “paternalista”, o gay queixa-se de ableísmo. Ou se o médico diz ao gay que não convém ter muitos parceiros sexuais, automaticamente isso é interpretado como uma forma de ableísmo. No limite, não há nada que se possa dizer a um gay que não possa ser interpretado por ele como ableísmo.

Tornando o discurso impossível através da subjectivização das posições do homossexual, o movimento político gayzista consegue aquilo que pretende: a supremacia real da condição homossexual em relação ao comum dos mortais.

Sob a forma de vitimização ableísta, o comportamento gay (qualquer que seja) passa a ser inatacável, por um lado, e por outro lado a sociedade é sempre responsável pelas consequências objectivas de tal comportamento.

É evidente que não se procura a “igualdade”: em vez disso, procura-se uma superioridade ontológica do homossexual, na medida em que qualquer discurso ou debate são coarctados à partida, e é a subjectividade do homossexual que dita as regras do jogo. Não se procura a aceitação do homossexual: procura-se a sua celebração cultural como casta superior.

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