quarta-feira, 8 de abril de 2015

O determinismo dos "católicos fervorosos"

 

Normalmente, os "católicos fervorosos" são deterministas; se não totalmente, em grande escala. Eles dizem que são os verdadeiros tradicionalistas; e se isso é verdade, eu não sou tradicionalista.

Por exemplo, vemos aqui um católico fervoroso que diz que nunca existiu um papa herético e que, por isso, o "papa Francisco" não é herético, mesmo que faça “trinta por uma linha”. A linha de pensamento é a seguinte:

Se um papa é herético, só Deus e mais ninguém pode contestá-lo; perante uma aparente heresia do papa (“aparente” porque, alegadamente, os desígnios de Deus em relação ao ser humano podem passar pela negação de Deus), o povo católico tem que permanecer calado e obedecer. E se Deus não age em relação ao papa, é porque o papa não é de facto herético. E por isso é que nunca existiu um papa herético.

A ideia dos "católicos fervorosos" é a da castração da liberdade humana, na esteira do conceito de “Fado” de Giordano Bruno ou de “Destino” de Fernando Pessoa: os "católicos fervorosos" são gnósticos cristãos. A retirada do livre-arbítrio humano é uma característica dos gnósticos da Antiguidade Tardia.

Contra os gnósticos "católicos fervorosos", falou São Roberto Belarmino:

“Tanto quanto está autorizado a resistir a um Papa que comete uma agressão física, do mesmo modo que é permitido resistir-lhe se faz mal às almas ou perturba a sociedade e, com mais forte razão, se procurasse destruir a Igreja — é permitido, digo, opor-se a ele não cumprindo as suas ordens e impedindo que a sua vontade seja realizada.

Não é lícito, contudo, julgá-lo em tribunal, impor-lhe punição, nem o depor, pois estes são actos próprios a um superior”.

— São Roberto Belarmino, De Romano Pontifice, Livro II, Capítulo 29.

È claro que existiram papas heréticos, como por exemplo o papa Bórgia: um papa que tem um comportamento que é a antítese do comportamento prescrito por Jesus Cristo, é um papa herético. E cabe à comunidade católica denunciar estes casos.

No caso do "papa Francisco", trata-se de uma heresia doutrinária, e não comportamental. Ele é jesuíta, e os jesuítas foram hegelianos muitos séculos antes de Hegel existir. Os jesuítas sempre adaptaram a verdade da Igreja Católica ao espírito de cada tempo: não há, na Igreja Católica, comunidade mais relativista nos valores do que os jesuítas. Não esquecer que o fundador dos Illuminati foi um Padre jesuíta.

1 comentário:

  1. O sítio para que o Orlando liga é um sítio sedevacantista com todos os graves defeitos decorrentes dessa qualidade. Muito sucintamente, os sedevacantistas confundem a infalibilidade papal (que existe apenas nas exactas condições em que o Concílio Vaticano I a definiu) com uma pretensa inerrância papal, caindo assim num culto idolátrico da pessoa do Papa que nada tem de católico. Para eles, o Papa não se pode enganar jamais em qualquer pronunciamento que faça (independentemente desse pronunciamento reunir ou não os requisitos da infalibilidade papal tal como a definiu o mesmo Concílio Vaticano I) e portanto se isso sucede, como sucede com Francisco, essa pessoa não é, não pode ser o Papa, estando por isso vazia (“sede vacante”) a cadeira de Pedro.

    Porém, a verdade é que fora das condições em que se verifica a infalibilidade - pronunciamento solene e formal, em matéria de fé ou moral, com a intenção de proferir um juízo definitivo a que todos os fiéis devem assentimento -, fora deste magistério extraordinário assistido pelo Espírito Santo, o Papa pode mesmo equivocar-se e até cair em heresia: pode equivocar-se no seu magistério ordinário e não infalível; pode equivocar-se quando se pronuncia como mero doutor privado (condição em que caem as famosas entrevistas de Francisco).

    Outrossim, existem diversos casos históricos de Papas que caíram em heresia, sem contudo jamais terem comprometido a sua infalibilidade. Não diria que Alexandre VI fosse herético, mas antes escandaloso - um Papa não tem necessariamente de ser um modelo de santidade e piedade (embora devesse), podendo cometer muitos e graves pecados mortais -, mas em heresia caíram antes Papas como Libério (ariano), Honório (monofisita) ou João XXII (negou o julgamento particular imediato “post mortem” da alma), e com a heresia (modernista) têm tergiversado os Papas pós-Concílio Vaticano II, muito em especial, Francisco.

    Obviamente que em caso de Papas heréticos - como no de qualquer outro dignitário eclesiástico herético - cessa automaticamente o dever que os fiéis têm de lhes obedecer. O Orlando cita, e bem, o ensinamento de São Roberto Belarmino; poder-se-ia, ao caso, acrescentar o que ensina sobre a obediência lícita e a recusa da obediência ilícita o próprio São Tomás de Aquino - https://www.fisheaters.com/summa22104.html

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