terça-feira, 2 de junho de 2015

A dissonância cognitiva do David Marçal: igualdade + darwinismo

 

Quando o David Marçal defende a igualdade e, simultaneamente, mantém a crença do darwinismo, entra em dissonância cognitiva — porque é uma contradição em termos a crença na igualdade e no darwinismo. Aliás, este é uma contradição geral do cientismo que está muito na moda.

Se fizermos uma resenha dos laureados com Nobel na área de ciências da natureza, praticamente nenhum dos laureados foi filho de pai rico — no entanto, o David Marçal faz depender a inteligência e capacidade de trabalho de uma pessoa da riqueza do paizinho; confunde “herança material” que uma pessoa recebe dos progenitores, por um lado, com as características inatas de inteligência e de vontade, por outro lado, exactamente porque — na linha dos ideólogos da Revolução Francesa, Helvetius, Condorcet, Voltaire, etc. — o ser humano é concebido quase totalmente em função da educação que teve.

Albert Einstein “passou as passas do Algarve” enquanto criança; foi praticamente abandonado pelos pais (praticamente não viveu no seio da família, enquanto criança), internado em instituições de quase beneficência onde foi educado; não chegou a ter uma formatura universitária propriamente dita; e no entanto, surpreendeu o mundo com uma teoria matemática importante. Mais: se Albert Einstein tivesse nascido hoje nos países mais desenvolvidos do mundo, teria sido provavelmente abortado porque uma ecografia apresentaria uma malformação no lóbulo cerebral esquerdo...!

A ideia segundo a qual os filhos dos pais ricos têm mais sucesso e são mais inteligentes do que os filhos de crianças mais pobres (não falamos aqui de miséria!), só existe na cabeça de gente como o David Marçal, talvez fruto da tal dissonância cognitiva referida; talvez seja uma espécie de sentimento de culpa que compensa a crença na evolução darwinista.

Conheci muito filho de pai rico mentecapto, embora vivendo bem à custa da herança do paizinho; e conheci gente que veio da merda mas com muita inteligência e com grande capacidade de trabalho. O argumento do David Marçal é falacioso: o cu não tem necessariamente a ver com as calças.

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