domingo, 14 de junho de 2015

O discurso patético de Anselmo Borges

 

“O diabo escolhe, a cada século, um demónio diferente para tentar a Igreja. O actual é singularmente subtil. A angústia da Igreja perante a miséria das multidões obscurece a sua consciência de Deus. A Igreja cai na mais astuciosa das tentações: a tentação da caridade.”

— Nicolás Gómez Dávila


Entre os antigos gregos existia uma antinomia entre o conceito de ethos, por um lado e o de pathos, por outro lado. Quando o discurso é marcado pela razão e pela racionalidade, dizemos que predomina o ethos e que o discurso é ético; mas quando o discurso é marcado pela paixão e pela emoção, dizemos que predomina o pathos e que o discurso é patético.

Vem do grego pathos a noção de patético e de pateta. Se analisarmos o discurso do "papa Francisco" e dos seus sequazes, por exemplo o Frei Bento Domingues ou, no caso vertente, do ex-padre Anselmo Borges, verificamos que o pathos (a emoção, a paixão) predomina sobre o ethos (a razão, a racionalidade), o que torna patético o discurso político.

Em primeiro lugar, Anselmo Borges compara o "papa Francisco" com S. Francisco de Assis; seria como se comparássemos o imperador Napoleão com o imperador Bokassa. Acho que não vale a pena dissertar sobre a patetice da comparação.


“O amor à pobreza é cristão, mas a adulação da pobreza é uma mera técnica de recrutamento eleitoral.”

— Nicolás Gómez Dávila

Em segundo lugar, a teoria do "papa Francisco" e dos seus sequazes fundamenta-se em uma falácia bem traduzida por Anselmo Borges :

“De uma Igreja auto-referencial a uma Igreja nas periferias". É essencial pôr termo a uma Igreja auto-centrada e, por isso, da exclusão, para passar a uma Igreja que acolhe os que se encontram marginalizados nas periferias: os considerados perdidos, os que pensam de outro modo, longe das certezas eclesiásticas, os das periferias da dor, das injustiças, da miséria, os pobres e analfabetos, os sem--abrigo, os presos, os drogados, os homossexuais, as famílias monoparentais, os recasados que não podem comungar, os padres casados, e tantos tantos outros...”

O fundamento da teoria é maniqueísta: alegadamente, a periferia contrapõe-se ao centro.

“Periferia” vem do grego periféreia, que significa “circunferência”, “círculo”. Quando se opõe a periferia ao centro, o que se pretende é destruir a circunferência ou o círculo em que se insere (metaforicamente) a Igreja Católica, porque se separarmos a periferia do seu centro, o que obtemos é anulação teórica e prática do próprio conceito de “periferia”. Mais uma vez o discurso é patético.


Por outro lado, assistimos à corrupção do conceito de “Misericórdia”. Misericórdia não significa indulgência em relação ao erro — assim como tolerância não significa permissividade. Por exemplo, quando Jesus Cristo salvou a mulher adúltera de ser apedrejada (S. João, 8, 1-11), disse-lhe: “Vai e não peques mais”. Ou seja, Jesus Cristo censurou o comportamento da mulher adúltera.

“A voz de Deus não ressoa hoje por entre os penhascos: ribomba nas percentagens das sondagens sobre a opinião pública.”

— Nicolás Gómez Dávila

Mas o conceito de “misericórdia” do "papa Francisco" e dos seus acólitos (por exemplo, o Frei Bento Domingues ou Anselmo Borges) é o de que Jesus Cristo aceita o pecado, como podemos verificar no texto deste último. Pega-se no pecado e no pecador e coloca-se tudo no mesmo saco: é isto que faz do "papa Francisco" um emissário do anticristo. Esta perversão da noção de “misericórdia” é diabólica.

Finalmente, o conceito de “uma Igreja pobre para os pobres” é também um conceito patético, porque uma Igreja pobre não tem meios para ajudar os pobres. Um pobre não dá de comer a outro pobre: é preciso arranjar dinheiro para dar de comer aos pobres, o que significa que a Igreja Católica tem que dispôr de meios materiais (dinheiro) para ajudar os pobres.

Ler aqui o discurso patético de Anselmo Borges em PDF.

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