quarta-feira, 10 de junho de 2015

O machista

 

O Júlio Machado Vaz dá prioridade à passagem de mulheres. Obviamente que ele é machista. Uma criatura de nervos modernos, de inteligência sem cortinas, de sensibilidade acordada, tem a obrigação cerebral de tratar a fêmea como deve ser: com a indiferença com que elas se tratam umas às outras (com excepção da Isabel Moreira).

Dar prioridade ao assento de mulheres nos transportes públicos, por exemplo — e ainda mais se estiverem grávidas porque irão contribuir, com os flatos dos bebés, para o Aquecimento Global Antropogénico —, é sinal de paternalismo característico de uma sociedade patriarcal. Para se fugir ao estereótipo cultural retrógrado e arcaico do Júlio Machado Vaz, temos que pensar como a Elisabete Rodrigues: as mulheres são iguaizinhas aos homens:

“Por oposição a este inferno que é um grupo de mulheres a trabalhar juntas, uma empresa só de homens deve assemelhar-se a um paraíso onde reina a harmonia, o companheirismo e a ternura. Imaginemos! Fechem os olhos e visualizem uma empresa de reciclagem (sintam-se livres de pensar noutro ramo de actividade) onde trabalham 26 homens.

O que vêem? Um grupo de compinchas onde não há lugar para disputas e intrigas? Um dia-a-dia de trabalho pautado pela entre-ajuda e palmadinhas nas costas? Uma mesa de almoço onde todos comungam da mesma refeição? Uma rede de relacionamentos que extravasa o local de trabalho e se expande para os piqueniques no parque da cidade?”

julio machado vaz webOra aí está! As mulheres lidam umas com as outras no trabalho tal qual os homens uns com os outros. Chama-se a isto “igualdade”. Pessoas como o Júlio Machado Vaz ainda não se aperceberam deste facto, devido a uma construção social identitária marcada por uma educação errada. Nós somos apenas aquilo que a educação nos fez. Se alguém for educado como sendo um rato, por exemplo, passa a ser um rato na medida em que a nossa identidade é uma construção social.

Como diz e bem a Elisabete Rodrigues, um par de mamas ou um pénis não fazem diferença nenhuma: são meros apêndices, como um par de brincos ou um piercing que nos fura nariz ou a orelha ao João Galamba. As dores pré-menstruais são subjectivas: os homens também as podem sentir, se forem para isso educados. Temos o exemplo a seguir da auto-genifilia: podemos educar todos os homens a serem mulheres. E se todos os homens forem mulheres, deixa de haver desigualdade entre homem e mulher: os homens passam a tratar as mulheres como elas se tratam umas às outras.

Podemos, contudo, inferir do texto do Júlio Machado Vaz um certo arrependimento em relação à sua (dele) subjectividade que o impele a tratar as mulheres de forma desigual. Nem tudo está perdido. Há sempre uma esperança na conversão através de uma metanóia que nos faz ver a verdade.

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