O Júlio Machado Vaz dá prioridade à passagem de mulheres. Obviamente que ele é machista. Uma criatura de nervos modernos, de inteligência sem cortinas, de sensibilidade acordada, tem a obrigação cerebral de tratar a fêmea como deve ser: com a indiferença com que elas se tratam umas às outras (com excepção da Isabel Moreira).
Dar prioridade ao assento de mulheres nos transportes públicos, por exemplo — e ainda mais se estiverem grávidas porque irão contribuir, com os flatos dos bebés, para o Aquecimento Global Antropogénico —, é sinal de paternalismo característico de uma sociedade patriarcal. Para se fugir ao estereótipo cultural retrógrado e arcaico do Júlio Machado Vaz, temos que pensar como a Elisabete Rodrigues: as mulheres são iguaizinhas aos homens:
“Por oposição a este inferno que é um grupo de mulheres a trabalhar juntas, uma empresa só de homens deve assemelhar-se a um paraíso onde reina a harmonia, o companheirismo e a ternura. Imaginemos! Fechem os olhos e visualizem uma empresa de reciclagem (sintam-se livres de pensar noutro ramo de actividade) onde trabalham 26 homens.
O que vêem? Um grupo de compinchas onde não há lugar para disputas e intrigas? Um dia-a-dia de trabalho pautado pela entre-ajuda e palmadinhas nas costas? Uma mesa de almoço onde todos comungam da mesma refeição? Uma rede de relacionamentos que extravasa o local de trabalho e se expande para os piqueniques no parque da cidade?”
Ora aí está! As mulheres lidam umas com as outras no trabalho tal qual os homens uns com os outros. Chama-se a isto “igualdade”. Pessoas como o Júlio Machado Vaz ainda não se aperceberam deste facto, devido a uma construção social identitária marcada por uma educação errada. Nós somos apenas aquilo que a educação nos fez. Se alguém for educado como sendo um rato, por exemplo, passa a ser um rato na medida em que a nossa identidade é uma construção social.
Como diz e bem a Elisabete Rodrigues, um par de mamas ou um pénis não fazem diferença nenhuma: são meros apêndices, como um par de brincos ou um piercing que nos fura nariz ou a orelha ao João Galamba. As dores pré-menstruais são subjectivas: os homens também as podem sentir, se forem para isso educados. Temos o exemplo a seguir da auto-genifilia: podemos educar todos os homens a serem mulheres. E se todos os homens forem mulheres, deixa de haver desigualdade entre homem e mulher: os homens passam a tratar as mulheres como elas se tratam umas às outras.
Podemos, contudo, inferir do texto do Júlio Machado Vaz um certo arrependimento em relação à sua (dele) subjectividade que o impele a tratar as mulheres de forma desigual. Nem tudo está perdido. Há sempre uma esperança na conversão através de uma metanóia que nos faz ver a verdade.
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