sexta-feira, 17 de julho de 2015

A objecção de consciência em relação ao aborto incomoda a Esquerda

 


Se os criminosos são, por definição, pessoas que não respeitam a lei, ¿como é possível que se defenda a ideia segundo a qual “são necessárias mais leis para evitar a proliferação de criminosos”?!

Se alguém tiver a paciência necessária para ler este “poste”  (as respectivas lésbicas que me desculpem a imagem fálica), verificará o recurso — aliás, sistemático em pessoas como por exemplo a Isabel Moreira — ao Direito Positivo para regular aquilo a que no dito poste se chama de “posição subjectiva” : a objecção de consciência em relação ao aborto.

O conceito de “posição subjectiva” pretende ter um carácter pejorativo, por um lado, e por outro  lado pretende-se contrapôr o “subjectivo da objecção de consciência” ao universal de quem não tem qualquer objecção de consciência em relação ao aborto. Ou seja, invertem-se os termos da ética: segundo o esquerdalho, não ter qualquer prurido moral em relação ao aborto é característica de um juízo universal — o que é uma falácia, como é evidente. Os objectores de consciência em relação ao aborto passam a ser considerados uns indivíduos esquisitos e anormais que vão à missa todos os dias, ou seja, uma minoria irrisória e risível.

A objecção de consciência em relação ao aborto passa, assim, a ser um fenómeno subjectivo característico de uns malucos religiosos; e qualquer pessoa que não seja religiosa, aborta necessariamente todos os dias.

Kant distingue, no campo da moral prática, os princípios subjectivos — que o sujeito dispõe, em si — de princípios objectivos, isto é, princípios universais. A mim parece-me que a objecção de consciência em relação ao aborto constitui um princípio objectivo (universal) e não um princípio subjectivo. E por ser assim é que o esquerdalho anda preocupado com a objecção de consciência e pretende restringi-la, como se pode depreender do poste da criatura.

Qual é o argumento utilizado para defender a restrição da objecção de consciência em relação ao aborto?

É o seguinte: “através da objecção de consciência sistémica no Serviço Nacional de Saúde, os abortos são desviados para o privado”. Portanto, parte-se do princípio de que os objectores de consciência não o são realmente, e que apenas se servem da figura jurídica da objecção de consciência para retirar daí alguns proventos materiais.

Imagine o leitor que eu faço a seguinte asserção: “A TAP deve ser privatizada”. E a escriba do jugular, em resposta, pergunta-me: “O que é que tu ganhas (em dinheiro), com essa tua posição?”

Perante esta pergunta, qualquer discussão fica inquinada à partida e deixa de ser possível — porque qualquer asserção minha é passível de ser interpretada como uma manifestação de um qualquer  interesse próprio material, e não como uma posição de princípio, em si mesma abstracta. Portanto, não é possível qualquer diálogo com aquela gentalha.

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