quarta-feira, 1 de julho de 2015

“Discriminação” : a palavra-mestra do politicamente correcto

 

A qualidade vertiginosa do actual ambiente sócio-político não pode prescindir de Kafka para o descrever: é como se acordássemos de manhãzinha, e sete em dez pessoas, conhecidas ou não, tivessem sofrido uma metamorfose, transformando-se em baratas gigantes.

“In the Journal of Medical Ethics, two influential bioethicists argue that we should allow euthanasia for patients suffering from ‘treatment-resistant’ depression. Udo Schuklenk, of Queens University in Canada, and Suzanne van de Vathorst, of the University of Amsterdam, claim it is discriminatory to allow euthanasia or assisted suicide for terminally ill patients but to deny it to those who suffer from incurable mental illness. Professor Schuklenk is co-editor of the journal Bioethics”.

Leading bioethicists back euthanasia for mentally ill

Segundo dois eminentes académicos especializados em ética, a ideia é a seguinte:

“Se uma pessoa com com cancro terminal, por exemplo, tem direito à eutanásia; segue-se que é discriminatório não conceder a eutanásia a pessoas com depressão mental resistente a tratamento”.

Ou seja, para não haver “discriminação”, tem que haver “direito”.

Levado às suas últimas consequências, este raciocínio implica que toda a gente tem direito à eutanásia, para que não seja alvo de discriminação. Por exemplo, o adolescente a quem a namorada pôs os cornos, e que está em um sofrimento psicológico atroz e insuportável, também tem direito à eutanásia; e os desempregados também (dava muito jeito às estatísticas!). Se o critério da concessão da eutanásia é a avaliação pessoal e subjectiva acerca da nossa qualidade de vida, estamos todos potencialmente fod***s!

Dizem, portanto, os académicos, que uma pessoa com “depressão mental resistente a tratamento” não deve ser discriminada, e por isso deve ser autorizada a “decidir” morrer desde que “a decisão seja livre” (sic). Ora, há aqui uma coisa que eu não compreendo (certamente serei deficiente cognitivo): ¿uma pessoa com “depressão mental resistente a tratamento” poderá tomar “decisões livres”?

Mas a falácia da cultura da morte vai mais longe: por exemplo, na Holanda e na Bélgica, já é praticada a eutanásia a pessoas (com Alzheimer, demência, etc.), sem consentimento prévio; e o argumento é o seguinte: se essas pessoas pudessem julgar o seu próprio estado, considerariam que não vale a pena viver”.

Nestes dois países já não existem crianças com síndrome de Down, em resultado de uma política de erradicação pré-natal (aborto selectivo). Quando já não existirem pessoas deficientes (porque foram todas eutanasiadas), nem velhos dementes, nem pessoas com “depressão mental resistente a tratamento”, etc., — ¿quem será eutanasiado a seguir, para não ser “discriminado”? Os pobres? Ou talvez você.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Neste blogue não são permitidos comentários anónimos.