“A pior retórica é cultivada nos regimes democráticos, onde todo o formalismo encena hipocritamente uma atitude espontânea e sincera. A retórica monárquica é um formalismo que reconhece e admite o que realmente é, uma espécie de etiqueta”.
→ Nicolás Gómez Dávila
O caso da fuga de Mário Soares do local de um acidente de viação em que foi culpado remete para o formalismo dos regimes democráticos, onde a retórica da “igualdade” parece espontânea e sincera, através dos me®dia. Mas o que Mário Soares fez é próprio de um rei de uma monarquia absoluta, em que as Cortes não se reúnem nem o povo é ouvido.
Pergunto-me se, alguma vez, o Professor Dr. António de Oliveira Salazar seria capaz de abandonar o local de um acidente em que seria culpado. Nunca o saberemos. Mas temos a certeza de um presidente da república do Estado Novo que, quando o seu (dele) filho teve um acidente e telefonou ao pai a pedir o automóvel do Estado, o dignitário presidencial sugeriu que o seu filho apanhasse um táxi; e isto seria impensável no Portugal “democrático”.
Existe na classe política “democrática” em geral — e não só em Mário Soares — um sentimento de inimputabilidade que parece colocá-la acima da lei.
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