sábado, 26 de dezembro de 2015

O Anselmo Borges e a reconstrução da História da Igreja Católica

 

“Para tornar inevitável uma catástrofe, nada mais eficaz do que convocar uma assembleia que proponha reformas que a evitem.” — Nicolás Gómez Dávila

As considerações que o Anselmo Borges faz da Igreja Católica antes do Concílio Vaticano II são genericamente falsas; por exemplo, nunca a Igreja Católica antes do Vaticano II “condenou os direitos humanos”, como Anselmo Borges afirma. Estamos perante uma reconstrução da História, e os mais novos são vítimas de gente como o Anselmo Borges.

Ao contrário do que o Anselmo Borges afirma, nunca a Igreja Católica foi “sempre a mesma, imutável”; Anselmo Borges é desonesto, porque tem que obrigação de conhecer a história da Igreja Católica.

Anselmo Borges joga com conceito de “mudança”: para ele, a mudança é a transformação de uma coisa em outra coisa totalmente diferente; mas, ao longo da História, a mudança na Igreja Católica foi sempre a modificação interna da Igreja Católica (modificação do sujeito), embora mantendo a sua essência.

O que Anselmo Borges defende é a modificação da essência da Igreja Católica. E o Concílio Vaticano II não fez coisa senão contribuir activamente para a alteração da essência da Igreja Católica. O Concílio do Vaticano II foi uma assembleia que propôs reformas para se evitar uma alegada catástrofe, o que tornou inevitável essa catástrofe.

“As piruetas dos teólogos modernos não ganharam uma conversão a mais nem uma apostasia a menos” — Nicolás Gómez Dávila

Em uma instituição — que é por definição, humana — sempre haverá quem queira fazer dela a “sua quinta particular”; através da alteração da essência da Igreja Católica, Anselmo Borges pretende que os “donos da quinta” sejam outros: os seus compagnons de route ideológicos.

Do que se trata, na narrativa do Anselmo Borges, é a luta pelo Poder terreno na Igreja Católica em função de uma mundividência marcada por uma ideologia política materialista que Anselmo Borges deseja que seja prevalecente no seio da Igreja Católica. Para disfarçar esse materialismo, Anselmo Borges apela à utopia — como faz, aliás, a Esquerda. Através da proclamação da utopia, os novos “donos da quinta” justificam quaisquer desmandos e excessos, e até a alteração da essência da Igreja Católica que sempre foi a mesma apesar das mudanças internas seculares.

“Quem derrota uma causa nobre é alguém que já foi derrotado” — Nicolás Gómez Dávila

Manter a essência da Igreja Católica, apesar da mudança, é uma causa nobre — assim como é uma causa nobre, por exemplo, a crítica ao aborto, cuja lei infame o Anselmo Borges apoiou publicamente. Por isso, não obstante as aparentes vitórias do papa-açorda Francisco e dos seus apaniguados, eles já perderam.

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