domingo, 3 de janeiro de 2016

A criptocracia e o Correio da Manhã

 

“A principal razão porque se lêem jornais é porque têm notícias, porque os seus jornalistas as procuram agressivamente e são capazes de passar dos “recados” semanais para a primeira página, do “cultivo das fontes”, do jornalismo de telefonema, da agenda igual para todos, do jornalismo de rebanho, da mistura crescente entre opinião e jornalismo, que normalmente é mais opinião do que jornalismo, para a procura de notícias, principalmente aquelas que os vários poderes não querem que sejam dadas e que são quase todas”.

José Pacheco Pereira.

Ámen.

criptocraciaEm primeiro lugar, a notícia é a novidade; mas não é qualquer novidade: há muitas novidades que não têm qualquer interesse geral. Por isso, em segundo lugar, a notícia é a novidade que a maioria das pessoas procura; e esta procura depende de uma sensação generalizada segundo a qual há novidades que são escondidas (sub-informação) ou escamoteadas (pseudo-informação) pelo Poder.

Ou seja, quando a notícia é a novidade procurada, o jornal que a veicula passa, de certa forma, a encarnar a Autoridade, e não o Poder.

Faz parte da cultura de Esquerda (e da “direita” neoliberal que também se fundamenta em pressupostos económicos, e não, em primeiro lugar, em pressupostos culturais) não fazer a distinção entre Autoridade, por um lado, e Poder, por outro lado. E a maioria dos jornais portugueses são de esquerda (com excepção do Correio da Manhã, que é o exemplo que o José Pacheco Pereira dá de jornalismo que escapa à crise).

É uma característica da Esquerda negar a Autoridade e venerar o Poder, misturando os dois conceitos como sendo um único; para a Esquerda, Poder é sinónimo de Autoridade.

E quando a Autoridade é escamoteada e o Poder exaltado, entramos em uma criptocracia, que é a legalização de um Poder oculto ou secreto, desprovido de Autoridade. E em uma criptocracia não podem haver novidades procuradas nos jornais, porque a própria razão de existência da criptocracia é o exercício do Poder secreto — e aqui entra também a maçonaria (que o José Pacheco Pereira tanto respeita) na construção da criptocracia.

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