sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

A narrativa feminista de Márcia Tiburi

 

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Muita gente não sabe que, na I República portuguesa, a grande maioria dos homens não podia votar; mas as feministas adulteram a História e afirmam que só as mulheres não podiam votar. Sabemos, por exemplo, que na Idade Média a esmagadora maioria dos homens — incluindo muitos membros da nobreza — eram analfabetos; mas as feministas dizem que só as mulheres eram analfabetas e, por isso, “vítimas do sistema do patriarcado”.

“Só são gravadas na História as distorções de uma ideia política causada pelas circunstâncias nas quais actua”. — Nicolás Gómez Dávila

Da parte do feminismo — como aliás em toda a Esquerda — existe uma tentativa clara de distorcer as ideias políticas e a própria História, aproveitando-se da irracionalidade marcadamente emotiva da actual cultura antropológica. A ideia é a de transformar os homens em opressores e “membros do patriarcado”, e as mulheres em vítimas endémicas dos homens (tolerância repressiva).

A minha posição em relação ao feminismo — como em relação a quase tudo — é de uma análise crítica e racional; não tenho qualquer preconceito negativo em relação ao feminismo: pretendo apenas analisá-lo tão racionalmente quanto possível. Neste contexto surge o seguinte vídeo de Márcia Tiburi que se auto-intitula de “filósofa” (o que quer que seja que isso signifique):

Trata-se de uma narrativa (uma estória para os meninos analfabetos funcionais) em que se utilizam palavras-mestras que são conceitos gerais; por exemplo, “direitos iguais” (¿Que “direitos”? ¿O que é um “direito”? ¿A que “direitos” temos direito?), “dominação” (que é um conceito geral marxista e comunista). As palavras-mestras são uma espécie de palavras mágicas que transformam a realidade por intermédio de uma fé metastática — são palavras de encantamento que supostamente colocam em causa a realidade: através das palavras-mestras, pretende-se que toda a realidade se transforme automaticamente. Por exemplo, se toda a gente chamar  “pau” a uma “pedra”, a estrutura molecular da pedra transforma-se (transmuta-se de forma alquímica) automaticamente na estrutura molecular do pau.

Dentro a narrativa, estabelece-se um maniqueísmo — uma falsa dicotomia — entre os homens e as mulheres, maniqueísmo esse que tem como corolário a valorização dos princípios da chamada “sociedade patriarcal” que o próprio feminismo condena!. Ou seja, o que se pretende com esse maniqueísmo feminista que opõe mulheres a homens e vice-versa, é uma suposta inversão das alegadas relações de poder entre os dois sexos, e tudo isto em nome de uma “igualdade de direitos” que ninguém sabe bem o que é. ¿Que “igualdade de direitos” é essa? ¿Será, por exemplo, o “direito” do homem a parir? ¿Onde começa o direito e acabam os condicionalismos da Natureza?

O que se valoriza, no feminismo, é o homem e os seus atributos gerais.

O feminismo é uma contradição nos seus próprios termos, incapaz de encontrar a síntese triádica que o faça escapar dos limites impostos pela Natureza.

A pergunta que fazemos às feministas (e aos “feministos”: não desprezar a desconstrução da linguagem) é a seguinte: ¿Qual é a alternativa que propõem àquilo a que chamam de “sociedade patriarcal”?

Os revolucionários amadores — os “idiotas úteis” de Lenine — não são claros quanto ao que esperam colocar no lugar do “sistema” que tanto criticam. Mas os revolucionários profissionais sabem bem que a melhor alternativa à famigerada “desigualdade de direitos” é a sonegação desses “direitos desiguais”.

Porém, aqui opinião das feministas divide-se: umas seguem Engels e defendem uma “sociedade matriarcal com direitos iguais” — partindo do princípio erróneo segundo o qual, em uma sociedade matriarcal, os “direitos são iguais”, e que a “dominação” acaba. Outras seguem apenas a Teoria Crítica da Escola de Frankfurt (marxismo cultural): criticam a realidade mas não oferecem qualquer alternativa viável racionalmente, concreta e objectiva. Não sei bem onde se posiciona aqui a Márcia Tiburi.

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