sábado, 26 de março de 2016

O anti-Nacionalismo é um cinismo moderno

 

“Eis, em suma, porque Agostinho da Silva não era realmente um nacionalista. A seu ver, para um país como Portugal, a posição nacionalista era demasiado insuficiente para garantir a nossa existência histórica. Se mesmo um país como o Brasil não pode sobreviver sozinho num mundo cada vez mais globalizado, quanto mais um país como Portugal. De resto, sempre foi assim na nossa história. Foi sempre uma hábil política de alianças trans-nacionais o que foi garantindo, até hoje, a nossa existência histórica”.

Nacionalismo, Anti-Nacionalismo e Trans-Nacionalismo

Agostinho da Silva foi um cínico (no sentido grego); só lhe faltou viver dentro de um barril, como aconteceu a Diógenes que se incomodou com o imperador Alexandre, O Grande, porque este lhe tapava o Sol. Como cínico, Agostinho da Silva fazia da cidade-estado um meio, e não um fim em si mesma; ele não foi um cidadão de um qualquer lugar: entrava na cidade para brandir o seu cajado aos cidadãos, e depois saía dela para se reconciliar com a sua idiossincrasia.

Um cidadão-de-nenhum-lugar não pode ser nacionalista. A ideia segundo a qual “Portugal não tem viabilidade histórica” é própria de um determinado cinismo actual. O cínico tem uma inconfessável desconfiança visceral e um profundo desprezo em relação ao cidadão. Ao contrário de Sócrates (que amava a cidade; este sim, foi um nacionalista), que fazia perguntas incómodas aos cidadãos — o cínico proferia verdades absolutas e ameaçava os cidadãos com o seu cajado. O anti-Nacionalismo é um cinismo moderno.

diogenes-web

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