sábado, 9 de abril de 2016

O Anselmo Borges e o Islamismo secularista

 

O Anselmo Borges escreve aqui um artigo sobre a diferença entre laicismo, por um lado, e laicidade, por outro lado. Em vez de “laicidade”, eu prefiro usar o termo de origem inglesa “secularismo” (para evitar confusões etimológicas).

Portanto, temos a antinomia entre laicismo e secularismo.

O texto do Anselmo Borges é consensual, até por mim. “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é Deus”, afirmou Jesus Cristo. O Estado não tem que se meter na religião, nem a religião deve governar o Estado. Estou de acordo com o Anselmo Borges.

Porém, “neutralidade do Estado em relação às religiões” — supostamente como o oposto de “teocracia” — é um sofisma; porque as religiões não podem ser ignoradas pelo Estado em função da sua representatividade social e cultural. Ou seja, o Estado não deve tratar de forma igual a Igreja Católica com, digamos, 3 milhões de fiéis, e o Islamismo com 10 mil seguidores. Ora é esta falsa “neutralidade do Estado” que é praticada pelos governos da democracia, em nome do secularismo.

Por outro lado, e ao contrário do que parece pensar o Anselmo Borges que cita “o prestigiado filósofo muçulmano” Abdennour Bidar, o Islamismo não é uma religião como outra qualquer religião universal, por exemplo, o Budismo, Hinduísmo ou o catolicismo. O Islamismo é uma religião política, assim como o marxismo é uma religião política: a diferença é que a primeira é dualista (no sentido metafísico), e a segunda monista (no mesmo sentido).

O Islamismo é um princípio de ordem política.

Isto significa o seguinte: converter o Islamismo ao secularismo é colocar em causa os princípios do próprio Islamismo. É fazer com que o Islamismo se negue a si próprio. É colocar em causa o próprio Alcorão. É uma impossibilidade objectiva.

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