quarta-feira, 13 de julho de 2016

A arte é incompatível com ciência (do Iluminismo)

 

“O Real nunca é belo” — Jean-Paul Sartre

Se partirmos dos princípios fundamentais do Iluminismo, arte e ciência são inconciliáveis — ao contrário do que defende o Carlos Fiolhais ; ou então, ele coloca em causa o próprio Iluminismo, o que eu não acredito que seja verdade. Defender a conciliação entre a arte e a ciência é colocar em causa não só o Positivismo mas também o Iluminismo que está na sua origem.

“A estética não existe” — Paul Valéry

Segundo o Iluminismo, a ética, a estética e a metafísica são subjectivas, e alegadamente não fazem parte da experiência (empirismo) que legitima a ciência. Segundo o Iluminismo, a razão opõe-se à tradição; e não é possível ética, estética, e mesmo ciência, sem tradição.

O problema fundamental escora-se na lógica do Iluminismo: a ciência não explica nada, não explica as causas dos fenómenos naturais: apenas descreve os fenómenos; vem daqui a frase célebre de Newton: Hypotheses non fingo — ao passo que a obra-de-arte pretende explicar a realidade de um só golpe: uma obra-de-arte não é uma descrição da natureza: antes, é (pelo menos) uma tentativa de a explicar.

A estética, como a ética, pertence ao domínio da metafísica, ao passo que a ciência iluminista é uma metafísica que nega a metafísica (é uma metafísica negativa).

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