domingo, 4 de setembro de 2016

A confusão da igualdade

 

Quando falamos em “igualdade”, temos que fazer a distinção entre “igualdade ontológica”, por um lado, e “igualdade social”, por outro lado. São coisas diferentes; mas há pessoas que não vêem a diferença.


A igualdade ontológica significa que todos os seres humanos têm uma dignidade igual no acto de nascimento (não confundir “igual”, por um lado, com “idêntico”, por outro lado). A igualdade ontológica baseia-se no Direito Natural e na ideia de igualdade natural entre os seres humanos.

A igualdade ontológica não colide com a existência de privilégios materiais, sociais e políticos de indivíduos ou classes — porque se pode diferenciar “igualdade”, por um lado, e “justiça”, por outro lado: a desigualdade social não é injusta em si mesma, senão quando vai contra os direitos naturais de outros seres humanos (por exemplo, o conceito de Notrecht). Os direitos que são devidos ao ser humano são os direitos naturais — por exemplo, o direito à alimentação, o direito à família natural, o direito à inserção social segundo a Natureza Humana, etc..

A igualdade social é coisa diferente, porque procura igualar os meios e as condições de existência (inventaram-se, no século XX, os “direitos cívicos” e adquiridos); e, em troca dessa igualdade social, o Estado retira (mais ou menos, dependendo dos casos) a liberdade ao ser humano.

A igualdade social é típica da Esquerda clássica, que confunde “igualdade”, por um lado, e “identidade”, por outro lado — para o marxismo clássico, ser “igual” é ser “idêntico”: porém, a verdade que contraria a igualdade social é a de que a igualdade parte do princípio de que os indivíduos tem uma natureza (a Natureza Humana) e/ou uma dignidade comuns, mas que não são semelhantes em todos os outros aspectos.


Mais difícil de entender é o conceito de “igualdade” do Bloco de Esquerda e do Partido Socialista de António Costa — porque, por um lado, defendem (alegadamente) aquilo que que chamam “a liberdade do indivíduo” (eutanásia, adopção de crianças por pares de invertidos, "casamento" gay, aborto, etc) , mas por outro lado defendem a igualdade social (adoptam a confusão entre igualdade e identidade) típica do marxismo clássico quando defendem a identidade material como objectivo político.


Ainda mais difíceis de entender são os cientistas que se metem na filosofia sem qualquer preparação para tal (e escrevem livros “filosóficos”!) — por exemplo, quando dizem que a ideia de “igualdade ontológica” teve origem no Cristianismo, ou, ainda pior, que a ideia de “igualdade social” teve origem no Cristianismo, quando, na verdade, a Regra de Ouro é muito anterior ao Cristianismo e já existia, por exemplo, no Budismo.

A maior parte daquilo a que chamamos “cientistas” são apenas técnicos; são uma espécie de artesãos modernos; são especialistas em uma determinada área da actividade humana.

No caso vertente, o de Yuval Noah Harari, estamos a falar de um especialista em História (uma das chamadas “ciências sociais”). A ignorância da criatura em causa faz com que se confunda “igualdade ontológica”, por um lado, e “igualdade social”, por outro lado: o facto de “todos os seres humanos terem sido criados iguais (igualdade ontológica) não significa que sejam idênticos geneticamente (grande confusão vai naquela cabeça de alho chocho!).

A tese absurda e confusa de Yuval Noah Harari explica a razão pela qual a sociobiologia é tão popular entre adeptos de um capitalismo brutal (o chamado “darwinismo social”).

A ideia segundo a qual uma galinha existe apenas e só para produzir ovos, é uma ideia um tanto ridícula em relação à galinha — mas o “historiador evolucionista” em causa chega ao ponto de a aplicar ao ser humano.

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