sexta-feira, 4 de novembro de 2016

O Pedro Arroja devia dedicar-se à economia

 

Um dia destes hei-de escrever aqui sobre as façanhas dos Papas da Renascença (século XV) que deram razões a Lutero — a ver se o Pedro Arroja se dedica à economia e deixa filosofia e a História em paz. O Pedro Arroja escreve:

“Portugal, nos últimos anos, pela via do socialismo e da dominância da Alemanha na União Europeia, tem vindo a importar o luteranismo, com todas as suas consequências. Foi o luteranismo que deu origem à ideologia socialista (pela mão, em primeiro lugar, do filósofo alemão Immanuel Kant), a qual é, na realidade, um luteranismo laico, um luteranismo sem "Deus". (Kant era um luterano convicto, um luterano pietista)”.

O luteranismo legitimou (teologicamente) a taxa de juro bancária e a usura (contra uma grande parte da Igreja Católica, que não via a usura bancária com bons olhos), e vem o Pedro Arroja dizer que foi “o luteranismo que deu origem à ideologia socialista”.

E mais: Kant foi um liberal, tanto na economia como nos costumes:

“Um governo que fosse fundado sobre o princípio da benevolência para com o povo — tal o do pai para com os seus filhos, quer dizer, um governo paternal —, onde, por consequência, os sujeitos, tais filhos menores, incapazes de decidir acerca do que lhes é verdadeiramente útil ou nocivo, são obrigados a comportar-se de um modo unicamente passivo, a fim de esperar, apenas do juízo do chefe do Estado, a maneira como devem ser felizes, e unicamente da sua bondade que ele o queira igualmente — um tal governo, digo, é o maior despotismo que se pode conceber.”

→ Kant, “Teoria e Prática” (1793)

Kant critica aqui o Camaralismo ou Wohlfahrtsstaat (o “Estado Providência”) que foi um fenómeno alemão e também austríaco (também da Baviera e da Áustria católicas) que teve a ver com a dinâmica política de unificação da Alemanha que conduziu ao aparecimento de Bismarck. Ou seja, o Wohlfahrtsstaat não tem nada a ver com o luteranismo.

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