quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Ele está (orgulhosamente) enganado

 

O grande problema da escola pública (além da igualdade do acesso ao conhecimento e à cultura) não são os crucifixos na sala ou o debate sobre criacionismo. Tem a ver com a forma como as ideologias dominantes se apropriam dos programas de História, Português, Filosofia ou Educação Sexual, por exemplo.

Num interessante debate que ouvi na rádio, um dos intervenientes defendia que a escola «esclarecesse» alunos do 5º ano sobre temas como o aborto, a contracepção ou as «alter-sexualidades». Outro dos participantes protestou: há famílias que não concordam com a abordagem desses temas por crianças com 10 ou 11 anos. «Pena. Vá para um colégio privado» – até porque, lembrou, os professores têm uma certa autonomia.

Ou seja, os novos donos da ideologia do ME ensinam uma nova religião – e quem não está contente, que se mude. O “entrismo” na política já deu lugar ao seu pensamento único. Não para esclarecer, mas para formar segundo o seu catecismo, independentemente da vontade das famílias. Este é o debate que interessa fazer sobre a escola pública. O resto são negócios.”

Francisco José Viegas

Este personagem foi o mesmo que, há alguns anos e em um arremedo de ultraliberalismo hayekiano, escreveu no seu (dele) blogue que “não estava disposto a pagar impostos para sustentar os filhos das famílias numerosas portuguesas”. Hoje, e a julgar pelo António Costa, o Francisco José Viegas vai pagar impostos para sustentar as famílias poligâmicas muçulmanas imigrantes que vêem no seu (dele) liberalismo o inimigo a abater.

Os crucifixos são símbolos; a estaurofobia do Estado é a recusa de um determinado símbolo.

O ser humano não pode viver sem símbolos e sem tabus. Uma cultura antropológica sem símbolos e sem tabus é um círculo quadrado. Mas os liberais de “direita” — como é o caso do Viegas — pensam que podem reduzir o símbolo ao critério do indivíduo, retirando-o da sua dimensão comunitária. E “os burros são os outros”.

O que a Esquerda está a tentar fazer é substituir uma determinada simbologia por outra; e esta outra simbologia estaurofóbica defende os símbolos do aborto e da paneleiragem porque “não está para pagar impostos para sustentar os filhos das famílias numerosas portuguesas”. Não sei por que razão o Viegas discorda da Esquerda.

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