segunda-feira, 21 de maio de 2018

A eutanásia da apedeuta Maria Filomena Mónica

 

“Em política, o que parece, é”; e parece-me que a Maria Filomena Mónica é ignorante. Escreve ela:

« A relutância em se aceitar a eutanásia ou o suicídio assistido provém, em muitos casos, de os objectores estarem a viver num tempo que já não existe: quando avós, pais e filhos viviam debaixo do mesmo tecto, quando não havia ressonâncias magnéticas, quando os doentes jamais eram ouvidos pelos médicos. Agradável ou desagradável, esse mundo acabou. »

Quem ler o que ela escreveu, ficará provavelmente com a ideia de que “a eutanásia é uma coisa do tempo actual” — quando a eutanásia era culturalmente aceite e praticada entre os gregos e os romanos antigos em que “avós, pais e filhos viviam debaixo do mesmo tecto”. O próprio Aristóteles defendeu a legitimidade da prática da eutanásia de crianças nascidas com deficiências físicas. E Sócrates (o grego) teve uma espécie de “suicídio assistido” ajudado pelos seus discípulos — para além de centenas de relatos documentados da aceitação social e cultural da eutanásia na Antiguidade, sendo que o Cristianismo veio introduzir na cultura antropológica europeia uma diferenciação fundamental nesta e noutras práticas culturais (por exemplo, no sacrifício pagão de crianças, e seres humanos em geral).

Ora, o problema de gente da laia da Maria Filomena Mónica é o Cristianismo, que, na opinião dessa gentalha, deve ser estripado da cultura antropológica.

Neste sentido, podemos dizer que a legalização da eutanásia é um retrocesso civilizacional (a não ser que se considere que o Cristianismo foi ele próprio um retrocesso civilizacional, como defenderam Engels e Nietzsche).

Maria Filomena Mónica é um erro de “casting” na cultura portuguesa. Uma pessoa que tenha um mínimo conhecimento de História não deveria invocar a eutanásia para lhe aplicar o argumento ad Novitatem.

Ademais, há que saber o que é uma “vida digna”; estamos aqui a lidar com a subjectividade de uma apedeuta que é detentora de um alvará de inteligência (o rei vai nu!) — em primeiro lugar, porque se existe ontologicamente uma “vida digna” é porque certamente existe (ontologicamente também) uma “vida indigna”, e aqui entramos em uma forma de “fascismo niilista” que está na moda mas que também não é coisa de hoje.

Não existe um consenso sobre a “dignidade” ou “indignidade” da vida humana.

Quando a burrinha invoca o relativismo ético do utilitarismo de Stuart Mill, nega a própria noção de “ética” — porque os valores fundamentais da ética não podem (necessariamente) depender da moda de cada tempo; e as questões relacionadas com a vida e com a morte fazem parte do rol dos valores fundamentais da ética.

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