segunda-feira, 28 de julho de 2014

A simplicidade ideológica da socióloga Elisabete Rodrigues

 

Eu sei que a minha “guerra” contra a desinformação será porventura inglória; eu sei que a minha insistência na epistemologia não vai beliscar minimamente o cientismo, por exemplo, da socióloga Elisabete Rodrigues: ela continuará a publicar no pasquim esquerdista “Público” a expensas do capitalista Belmiro de Azevedo — escreva eu o que escrever. Mas se houver uma só pessoa que reconheça o absurdo do pensamento da Elisabete Rodrigues, já terá valido a pena o trabalho de escrever este texto.

Não é por que a cadela da Elisabete Rodrigues cheira a merda dos outros cães que se justifica o comportamento de um homem que cheira a merda de outro homem.

A socióloga Elisabete Rodrigues é uma pessoa muito simples e que nos fala ao coração. Aliás, a narrativa do politicamente correcto é simplista e emotiva. Com a entrada das mulheres na vida pública activa, a emoção passou a valer muito mais do que a razão — e não teria necessariamente que ser assim: não há nenhuma razão objectiva para desconsiderar a mulher do ponto de vista cognitivo.

A simplificação da realidade é uma das principais características da ideologia política; portanto, do que se trata aqui é de analisar a ideologia política da socióloga Elisabete Rodrigues.

Desde logo, eu não sei se devo tratar a socióloga Elisabete Rodrigues como um ser humano ou como uma cadela — uma vez que ela coloca a cadela dela e o ser humano em um mesmo plano ontológico de análise crítica, e em nome de um conceito sociobiológico de “Natureza”. Mas vou tentar ser bem educado e tratá-la como uma pessoa, apesar de ela me ter reduzido a mim (e toda a gente) à condição canina; pelo facto de ela se considerar semelhante a uma cadela, isso não significa que eu concorde com ela.

Quando a socióloga Elisabete Rodrigues compara uma cadela com o ser humano, demonstra compaixão não só em relação à cadela, mas também em relação ao ser humano. Ora, (como dizia Schopenhauer) a compaixão é um sentimento contrário à Natureza. Só é possível à socióloga Elisabete Rodrigues invocar a compaixão, para justificar o seu (dela) conceito de “natureza”, exactamente na medida em que a compaixão contraria a própria Natureza. É pois, também, nesta contradição da socióloga Elisabete Rodrigues que se distingue o ser humano da cadela dela.

A socióloga Elisabete Rodrigues renuncia a uma fundamentação racional da sua escolha de valores, em nome da compaixão. Ou seja, a ética da socióloga Elisabete Rodrigues é arbitrária, na medida em que uma ética de compaixão não pode ser universal, porque nem toda a gente sente da mesma maneira, e até existem pessoas incapazes de sentimentos empáticos.

E um dos problemas da prevalência actual (e até predominância crescente) da mulher (estou a referir-me à mulher em termos de juízo universal) na vida pública é que se instituiu uma ética de compaixão que é contraditória nos seus próprios termos, e que muitos homens desprovidos de cérebro já seguem, por mimetismo cultural.

A ciência — por exemplo, a biologia — pode criticar as normas (da ética, do Direito), mas não é capaz de fornecer uma fundamentação para elas, porque a situação da Natureza (por exemplo, a cadela da Elisabete Rodrigues) não pode ser transposta sem reservas para o mundo dos seres humanos.

Todas as escolas filosóficas aceitam a análise lógica de G E Moore, de acordo com a qual não é possível deduzir valores e normas a partir dos factos. Vale a pena à socióloga Elisabete Rodrigues ler alguma coisa de G E Moore, correndo porém o risco de deixar de escrever no pasquim Público.

Ou seja, não é por que a cadela da Elisabete Rodrigues cheira a merda dos outros cães que se justifica o comportamento de um homem que cheira a merda de outro homem.


Texto do Público em PDF

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