terça-feira, 14 de janeiro de 2014

É isto que me irrita no cardeal Bergoglio

 

Reparemos nesta história publicada nos me®dia:

VATICAN CITY, Jan 13 (Reuters) - Pope Francis, whom conservatives in the Roman Catholic Church have accused of not speaking out forcefully enough against abortion, on Monday called the practice "horrific".

E a seguir:

Since his election in March, the pope, while showing no signs of changing the Church's position against abortion, has not spoken out against it as sternly or as repeatedly as his predecessors Pope Benedict XVI and the late John Paul II.

E depois:

Conservatives in the Church were alarmed when Francis, in a landmark interview in September with the Italian Jesuit magazine Civilta Cattolica, said the Church must shake off an "obsession" with teachings on abortion, contraception and homosexuality.

E, finalmente:

His stance favouring mercy over condemnation has disoriented conservative Catholics, notably in rich countries such as the United States, where the Catholic Church has become polarised on issues such as abortion.


Ou seja, alegadamente, o Papa falou do aborto por causa dos “conservadores católicos”, sendo que “conservadores” assume ali um sentido pejorativo. Deduz-se que se não fossem os “conservadores católicos”, o Papa não falaria no aborto.

Até aqui parece que o enviesamento da intencionalidade do Papa é exclusivamente dos me®dia.

Mas, depois, a “notícia” diz uma verdade indesmentível: que o Papa afirmou que “os católicos não deviam andar obcecados com o aborto, com a contracepção e com o homossexualismo”. Não é possível desmentir factos, e este facto é indesmentível e verdadeiro. O Papa afirmou mesmo isso.

E baseando-se neste facto indesmentível, os me®dia dizem, implícita ou explicitamente, que o Papa teve um acto de caridade em relação aos conservadores católicos quando falou no aborto. Ou seja: a referência ao aborto não é (implicitamente) exactamente aquilo que o Papa pensa, mas é antes um discurso caritativo em relação aos retrógrados conservadores católicos.

Como se pode ver, o cardeal Bergoglio conseguiu o que queria: por um lado, a compreensão dos me®dia politicamente correctos em relação ao seu discurso em relação ao aborto; e, por outro lado, conseguiu passar a ideia segundo a qual o seu discurso caritativo acerca do aborto serve apenas para apaziguar os trogloditas que ainda existem no seio da Igreja Católica. É isto que me irrita no cardeal Bergoglio: a merda da sua ambiguidade.

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