sexta-feira, 9 de maio de 2014

Antes ser ortodoxo do que protestante

 

“¿De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? ¿Acaso essa fé poderá salvá-lo?

Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano, e um de vós lhe disser: “Ide em paz, tratai de vos aquecer e de matar a fome”, mas não lhes dais o que é necessário ao corpo, ¿de que lhe aproveitará? Assim também é a fé: se ela não tiver obras, está completamente morta.”

Carta de Tiago, 3, 14

Ontem dei comigo a ver este vídeo sobre as profecias de Newton (o físico inglês) acerca do fim do mundo que, segundo os cálculos matemáticos dele, acabará no ano de 2060. Newton era protestante anglicano envolvido com a Cabala.

As profecias do fim do mundo são tipicamente uma “vocação” protestante.

Os dois livros da Bíblia mais importantes para os protestantes são os de Daniel e o Apocalipse. Os protestantes, tal qual os revolucionários, gostam de ter a certeza do futuro; e a tal ponto que os calvinistas negam (pelo menos parcialmente) o livre-arbítrio humano, na medida em que, segundo eles, há uma elite de predestinados (gnósticos) que será salva por Deus (os “Pneumáticos” modernos) e uma maioria de condenados à morte espiritual (os “Hílicos” modernos).

Mas há dois livros da Bíblia que os protestantes censuraram : a Carta de Tiago (de que lemos em epígrafe uma passagem), e os dois Livros de Macabeus. A Carta de Tiago foi censurada pelos protestantes porque afirma que a fé, sem as obras, não serve para nada; ou seja, “de boas intenções está o inferno cheio” — como diz o povo católico. Ora, Lutero retirou a Carta de Tiago da Bíblia luterana, porque para ele, as obras de caridade não contavam: o que contava era a fé e só a fé, e as obras de caridade eram deixadas por Lutero a cargo do príncipe e do Estado. Lutero esteve na génese do Camaralismo alemão (o Estado providência).

O livro de Macabeus fala da realidade do purgatório — e os protestantes não aceitam o purgatório. Consta que em Inglaterra, imediatamente depois do fim da II Guerra Mundial, não se realizaram cerimónias religiosas (leia-se, “missas”) pelas almas dos soldados ingleses mortos na guerra, porque o anglicanismo não aceita o purgatório. Ora, isto seria impensável em qualquer país católico.

A razão por que os protestantes não aceitam a realidade do purgatório é a de que eles acreditam que eles (protestantes) vão directamente para o Céu depois da morte, e que, por isso, o purgatório não faz sentido algum — nem sequer faz sentido que o purgatório seja o destino dos católicos, porque, segundo os protestantes, os católicos vão directamente para o inferno (porque não são protestantes e não fazem parte dos “eleitos”).

Quando vemos, por exemplo, o Júlio Severo criticar o "casamento" gay (e também criticar o catolicismo), devemos ficar surpreendidos: foi Lutero que retirou o casamento do rol dos Sete Sacramentos, transformando-o em um mero contrato celebrado pelas autoridades civis. E perguntamos: ¿que autoridade moral tem o protestante Júlio Severo para criticar o "casamento" gay? — quando foi o “chefe” dele que transformou o casamento em um simples contrato?!

Para os católicos, o casamento continua (ainda hoje) a ser um sacramento (segundo o simbolismo do casamento de Cristo com a sua Igreja), e por isso os católicos não perderam a autoridade moral para criticar o "casamento" gay.

O catolicismo está muito mais perto da Igreja Ortodoxa Grega ou da Igreja Ortodoxa Russa do que do protestantismo (qualquer que seja a seita). Por exemplo, os protestantes não acreditam na presença real de Jesus Cristo na celebração da Eucaristia, ao passo que, para os católicos e para os ortodoxos, essa presença de Jesus Cristo na Eucaristia faz parte da doutrina da fé.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Neste blogue não são permitidos comentários anónimos.