“Os mais fanáticos adoradores da constituição da república portuguesa são do partido comunista português. Isto devia fazer desconfiar as pessoas inteligentes.” – João Távora
Não sei muito bem como comentar “isto”, mas vou tentar fazê-lo sem perder a calma.
1/ Se o Partido Comunista defende a abolição da escravatura, então as “pessoas inteligentes” devem defender o retorno da escravatura — porque não podemos estar do mesmo lado dos comunistas, em qualquer situação (cruzes, canhoto!).
Este tipo de raciocínio maniqueísta do João Távora é pouco inteligente porque é simplificador. Não é porque um comunista qualquer gosta de sardinha assada que eu vou preferir comer coentros e rabanetes: posso preferir comer coentros e rabanetes independentemente do gosto do comunista por sardinha assada. E posso gostar de sardinha assada ainda que o comunista dela goste também.
2/ Defender uma Constituição não significa necessariamente que se goste dela: pode significar, em vez disso, que a Constituição é apenas um instrumento de ordem e de autoridade.
A ordem pode ser definida como o conjunto das instituições e das regras que garantem a possibilidade de relações harmoniosas entre os membros de uma sociedade — por exemplo, “ordem social”, ou “ordem pública”.
Se me perguntam: ¿para manter a ordem social, é ou não preferível a injustiça à desordem?, apenas podemos responder em nome de uma concepção coerente de justiça e de ordem social. E para isso temos que saber por que razão o Partido Social Democrata de Passos Coelho e o CDS/PP de Paulo Portas são críticos desta Constituição — coisa que ainda não disseram publicamente e abertamente, porque sabem que a seguir levam com mais uma razia eleitoral.
3/ Há uma grande diferença entre ser de Direita, por um lado, e ser estúpido, por outro lado. E os estúpidos da direita só dão força à esquerda, como se verificou nestas últimas eleições, em que o CDS/PP ficou reduzido ao “partido da trotineta”. Mas “os burros são os outros”...
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