quinta-feira, 5 de junho de 2014

“De boas intenções está o inferno cheio”

 

O que distingue (entre outras coisas) o catolicismo, por um lado, do luteranismo e de muitas outras religiões, como por exemplo o Budismo, por outro lado, é a máxima católica assimilada pelo povo: “de boas intenções está o inferno cheio”.

A ética católica é consequencialista — não no sentido do consequencialismo do utilitarismo, mas no sentido em que é assumido o princípio racional de que “as acções têm consequências”. Ou seja, a ética católica nega o princípio kantiano segundo o qual “a acção positiva, entendida em si mesma, é independente de qualquer consequência dessa acção” (mesmo que a consequência da acção seja negativa para os outros): pode ser, ou não!, dependendo exactamente das consequências dos nossos actos.

Por vezes pensamos estar a fazer bem aos outros e estamos a fazer mal; e só nos damos conta do mal que fizemos quando verificamos os estragos que surtiram da nossa acção, apesar da nossa boa vontade. Isto significa que os valores da ética são objectivos (existem por si mesmos e independentemente de qualquer utilidade), e não são meramente subjectivos; e que a moral prática depende, em muito, da experiência de vida — e por isso é que a nossa cultura tem defendido o respeito pelos mais velhos. A ética não se reduz a uma fórmula mágica (que resolva automaticamente todos os problemas éticos) de tipo kantiano.

O Padre Nuno Serras Pereira escreveu este artigo que vale a pena ler.

O que nós temos é um papa luterano — porque ele coloca a subjectividade acima dos valores objectivos da ética. É a primeira vez que o luteranismo de um papa se revela tão clara e evidentemente. É uma evidência que este "papa Francisco" não é católico, porque a ética e a metafísica estão intimamente ligadas, e porque uma ética subjectivista implica uma metafísica relativista (como é relativista a metafísica luterana).

Sem comentários:

Enviar um comentário

Neste blogue não são permitidos comentários anónimos.