sábado, 13 de setembro de 2014

Com défice zero, podemos não pagar ao Papa


O professor Adriano Moreira afirmou que o primeiro rei de Portugal não pagou ao Papa. E foi verdade: é que, naquele tempo, o défice público era zero porcento.

merkel papaCom défice zero, exigido pelos credores — e mal por mal — pagamos se quisermos e o que quisermos. Com défice zero imposto coercivamente pelo exterior, não podemos pedir dinheiro emprestado, mas também não se percebe por que razão — em uma situação de défice zero imposto pelo directório da União Europeia — se pede emprestado para pagar juros da dívida. O défice zero pode ser um mal porque a “torneira” do crédito é fechada e passamos a viver de acordo com as nossas possibilidades; mas, por outro lado, pode ser um bem na medida em que não pagamos ao Papa.

Além disso, o défice zero é a condição sine qua non para a saída de Portugal do Euro: a bem ou a mal.

Em resumo: o défice zero reduz a nossa dependência em relação aos credores, por um lado, e por outro lado é um incentivo para que Portugal saia do Euro. Parece é que é isto que a União Europeia de Angela Merkel pretende de Portugal.


Naturalmente que os neoliberais não gostaram que D. Afonso Henriques não pagasse ao Papa.

Os neoliberais não querem apenas défice zero: querem superávite orçamental, para que não só não peçamos dinheiro emprestado, mas também para pagarmos ao Papa; e não só: querem que os portugueses continuem a pagar balúrdios em portagens de auto-estrada para trabalhar no seu país e para que continuem a existir rendas fixas superiores a 12% para os detentores das PPP (Parcerias Público-privadas) nas rodovias; querem reduzir as despesas do Estado com a saúde e a educação, mas apoiam os monopólios dos Mellos na área da saúde; e querem que o Estado deixe de apoiar o ensino público para subsidiar e pagar o ensino privado com o dinheiro dos impostos dos portugueses.

Querem o monopólio das EDP's chinesas e da GALP na área das energias, querem privatizar a água, os rios e os mares, querem tirar a TAP aos portugueses, mas querem a manutenção de Portugal no Euro — sempre com défice zero ou superávite, para se poder pagar ao Papa.

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