quarta-feira, 1 de outubro de 2014

A confusão gay dos chapéus

 

Eu sou o Manel. Tenho a minha identidade como Manel, ou seja, como indivíduo. Manel = Manel. A = A, é o princípio da identidade.

Mas o Manel, para além de ser o Manel, pode ser outras coisas: por exemplo, pode ser líder de um partido político, membro de uma igreja, associado de um clube de golfe, etc.. Portanto, o Manel tem vários chapéus. Mas há um chapéu que ele não pode mudar e que transporta sempre consigo: o chapéu do Manel enquanto Manel — Manel = Manel (princípio da identidade). O Manel enquanto Manel é o indivíduo Manel.

O facto de o Manel ser, por exemplo, membro de um clube de golfe, não é uma necessidade ontológica do Manel, mas antes trata-se de um facto acidental. Se o Manel quiser, pode deixar de frequentar o clube de golfe e tornar-se sócio do FC Porto — e nem por isso deixa de ser o Manel.


Depois deste intróito, vamos ao tema:

“Os homossexuais católicos vão pedir ao Vaticano uma «mudança urgente» de atitude que promova o seu acolhimento e integração nas comunidades e paróquias, disse à agência Lusa José Leote, da associação Rumos Novo - Homossexuais Católicos. Este defende que a integração «faz-se pela aceitação plena» e passa por considerar que os homossexuais «são fiéis como quaisquer outros».”

Homossexuais «são fiéis como quaisquer outros»

Agora imaginemos uma situação em que o Manel assumia publicamente o chapéu de membro da maçonaria, e, juntamente com outros membros da maçonaria, pretendia que o seu grupo de maçons fosse integrado, enquanto tal, na comunidade católica da paróquia local. Ou seja, o que o Manel pretende é que a sua integração na paróquia católica não se faça em relação ao Manel enquanto Manel, mas antes se faça em relação ao Manel enquanto maçon.

O que a Igreja Católica lhe diz é o seguinte:

“Ó Manel! Se você, enquanto Manel, quiser integrar-se na nossa comunidade, é bem-vindo!

Mas se você se quiser integrar na nossa comunidade católica enquanto maçon (com o chapéu de maçon), isso não é possível, por uma razão básica e basista: em qualquer instituição, e por natureza, há sempre pessoas que têm condições objectivas para estar dentro delas, e outras não. Não é possível a coexistência de práticas maçónicas dentro da Igreja Católica.

Por exemplo, na Ordem dos Advogados, há pessoas que por natureza reúnem as condições para pertencer a essa instituição. Seria absurdo que, alegando “discriminação”, um carpinteiro reivindicasse o direito a pertencer à Ordem dos Advogados — a não ser que fosse também advogado, porque poderia ter simultaneamente (se não existir uma incompatibilidade estatutária) o chapéu de carpinteiro e o chapéu de advogado.

Portanto, qualquer instituição tem as suas próprias regras. Se a pertença à maçonaria é incompatível com a pertença à Igreja Católica, só se compreende que um maçon seja integrado na Igreja Católica enquanto indivíduo — enquanto Manel = Manel —, e não enquanto maçon”.

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