“A verdade é que o ónus não está só no Estado, ele continua nas pessoas”. → Inês Teotónio Pereira
O referendo de 2007 sobre a lei do aborto não foi vinculativo: votaram menos de 50% dos portugueses. A maioria dos portugueses já tinha expressa a sua posição negativa em um referendo anterior — que este sim!, foi vinculativo! Portanto, o ónus da lei do aborto discricionário é sobretudo do Estado e da ruling class que o controla.
Num dos seus livros, Karl Popper explicou o conceito de “evolução da opinião pública”: quando as elites (a ruling class) pretendem introduzir uma lei injusta e até absurda, conseguem passar essa legislação apostando na “evolução da opinião pública” através da sonegação de informação (sub-informação), da propaganda carregada de emoção (pseudo-informação), e através da injecção de doses massivas de informação que causem uma dissonância cognitiva generalizada na população, dando origem a uma espiral do silêncio.
Hoje, quem é contra o aborto e não se expressa publicamente, é vítima de uma espiral do silêncio. Essas pessoas são a maioria dos católicos.
Foi o que aconteceu em Portugal nomeadamente com a lei do aborto: apesar de o referendo não ter sido juridicamente válido (porque votaram menos de 50% dos portugueses), as elites (a ruling class) decidiu que o referendo foi válido.
Por tudo isto, não concordo com a Inês Teotónio Pereira.
O ónus — no sentido de “culpa” ou de “obrigação de redenção” — não está nas pessoas, porque foram enganadas. As elites deste regime, a que chamam de “democracia”, venderam gato por lebre. E as elites ganharam-lhe o gosto, porque a estratégia da “evolução da opinião pública” continua em outras áreas, como por exemplo no "casamento" gay e na normalização legal e cultural do acto homossexual, na adopção de crianças por pares de invertidos, no tráfico de crianças mediante a "barriga de aluguer", na sonegação do direito dos pais a educarem os seus filhos, na destruição da família natural, e até na defesa do fim da Pátria portuguesa.
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