Imagine o leitor que reputados cientistas se reuniam em uma conferência de imprensa para anunciar ao mundo uma nova e revolucionária descoberta: “O ser humano é um animal mamífero dotado de linguagem, bípede e inteligente”. E os me®dia anunciariam, com parangonas de pompa e circunstância, a nova descoberta da ciência; a noção de ser humano.
Hoje é absolutamente necessário que a ciência confirme o óbvio e o evidente, e a noção de ser humano só faz sentido se for corroborada pela ciência. Por exemplo, se é evidente que o Sol nasce todos os dias, essa evidência, por si mesma, não chega: é necessário que a ciência venha a terreiro confirmar o evidente, e sem a confirmação da ciência segue-se que deixa de existir o nascer-do-sol. Aquilo que a ciência não corrobore simplesmente não existe.
A ciência segue o exemplo de Groucho Marx quando perguntava: “ Acreditas no que os teus olhos mentirosos vêem, ou naquilo que eu te digo?”. E para que os nossos olhos não sejam mentirosos, temos que acreditar na ciência como em Deus Nosso Senhor.
Lemos aqui um artigo no qual se afirma que, afinal, a ciência não têm a certeza de que não exista livre-arbítrio no ser humano. Mas existe no texto um vício de forma: “a ciência ainda não tem a certeza acerca do livre-arbítrio do ser humano, mas as investigações continuam”.
Ou seja, a ciência determina que o ser humano tem livre-arbítrio — o livre-arbítrio no ser humano é, assim, determinado pela ciência. Se a ciência não determinasse o livre-arbítrio do ser humano, este não o teria. Em suma, parece que o determinismo da ciência declara a validade provisória da liberdade do ser humano.
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