“O grande salto da urbanização nas sociedades periféricas dá-se na segunda metade do século XX na Índia, na África, no Médio Oriente. O fim das sociedades camponesas, em pleno auge do falhado nacionalismo árabe, e sua evolução posterior para políticas liberais encheu as cidades destes países de mega bairros de lata e milhões de desempregados a viver em condições sub-humanas. Na Mauritânia, por exemplo, há 10 anos o desemprego atingia 80% da população…”
Quando em 1998 estive em Marrocos em visita a uma grande fábrica de confecção feminina, para além das operárias andarem descalças na fábrica (bem poderiam usar chinelos, mas elas não queriam: era assim que estavam habituadas), o patrão (marroquino e muçulmano de gema) explicou-me que para cada posto de trabalho, na linha de produção, existiam duas trabalhadoras disponíveis: no caso de uma faltar ao trabalho, mandavam chamar a outra a casa.
A forma como a Raquel Varela vê a História é própria de uma doente mental. É uma lástima que a revista Sábado abrigue no seu seio uma psicótica.
Achei estranho e perguntei por quê — ao que o patrão me informou que, em Marrocos, as trabalhadoras recebem à semana (como em Inglaterra) e não ao mês (como em Portugal); e se o marido de uma trabalhadora marroquina consegue uns “biscates por fora” que lhe dê uma semanada mais avantajada, ele diz à mulher para ficar em casa na semana seguinte porque “não é preciso trabalhar porque esta semana temos o suficiente”. Havia excepções, mas esta era a norma em 1998.
Por outro lado, os bens básicos de alimentação — pão, leite, arroz, farinhas, peixe, etc. — são ainda hoje subsidiados pelo Estado marroquino (compra abaixo do preço real de custo), o que acaba por ser uma forma “socializar o Estado”.
Na Mauritânia o caso era diferente porque teve uma guerra civil durante décadas. Escolher o caso da Mauritânia como exemplo é um insulto à nossa inteligência.
Portanto, verificamos como a cultura antropológica influencia o comportamento social. Mas também não tenho dúvidas de que a esmagadora maioria das mulheres marroquinas é mais feliz do que a Raquel Varela — porque a notória infelicidade dela advém do seu delírio interpretativo.
“As universidades ocidentais mudaram o nome às disciplinas de estudo dos países periféricos, de coloniais para pós-coloniais. Optimismo ou falta de rigor, porque são todas, sem excepção, sociedades neocoloniais. Falamos de países devastados por uma política neocolonial que assenta 1) na exploração maciça dos seus recursos naturais; 2) na destruição da sua soberania alimentar, pelo domínio da monocultura do chá, café, cacau, etc.”
Quem foi que introduziu em África a mandioca, que é, juntamente com o milho, a base da alimentação das populações rurais, por exemplo, em Moçambique? Quem foi que introduziu em África o milho? Quem foi que introduziu em África a batata-doce? Quem foi que introduziu em África a batata? Quem foi que introduziu em África o arroz? Etc..
Foram os “cabrões dos colonialistas” que a Raquel Varela tanto detesta!
A forma como a Raquel Varela vê a História é própria de uma doente mental. É uma lástima que a revista Sábado abrigue no seu seio uma psicótica.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Neste blogue não são permitidos comentários anónimos.