sábado, 26 de setembro de 2015

Francisco, o cínico

 

O Anselmo Borges pergunta aqui “se o papa-açorda Francisco é católico”. A resposta é (obviamente) não. E o cardeal Bergoglio é papa-açorda porque não podemos objectivamente julgar as suas intenções ; temos que partir do princípio de que o comportamento errático do "papa Francisco" pode não ser intencional e que, por isso, se trata apenas de um indivíduo com “pouca planta”.

papa-açorda

O Padre Nuno Serras Pereira dá aqui uma resposta parcial ao “teólogo” Anselmo Borges — hoje, qualquer bicho-careta é teólogo; até o Frei Bento Domingues é teólogo; damos um pontapé numa pedra e sai um teólogo; um qualquer teólogo pode ser servido à mesa de uma tertúlia de radicais revolucionários.

Não há dúvida de que o mistério da iniquidade é mesmo um grande Mistério. Claro que eu parto do princípio de que o Santo Padre de nada sabia e foi, digamos assim, armadilhado. Não entendo todavia porque é que agora, seguramente já ciente da situação, não determina um esclarecimento que a todos sossegue. Mas importa muito advertir que a minha incapacidade de compreensão não é evidentemente a medida das decisões de Francisco”.

Nuno Serras Pereira

Os filósofos católicos em geral, desde a patrística até ao século XX, levaram muito a sério o “mistério da iniquidade” de que nos fala o Padre Nuno Serras Pereira; chegaram à conclusão de que o pecado transcende o fenómeno ético (filosofia). Porém, a concepção que o papa-açorda Francisco tem do pecado é imanente — ele reduz o pecado a uma simples ética —; aliás, este é o papa da imanência, que tem imensa dificuldade em lidar com a transcendência.

Escreve o Anselmo Borges:

Mas não se pense que Francisco vai mudar a doutrina do catolicismo: "A mudança é pastoral, não doutrinal."

cinismo-webEm vez de “Francisco”, o Anselmo Borges podia chamar-lhe “Jorge”. Aliás, foi ele mesmo que afirmou publicamente: “Chamem-me Jorge!”. Não há coisa mais democrática do que tratar o papa por “tu”: “Ó Jorge, pá!, estás porreiro? Bóra lá beber umas bejecas com o pessoal aqui do bairro, meu!”

É claro que o Anselmo Borges tem razão: trata-se de uma revolução no sentido moderno. Quando um papa pede às pessoas que o tratem por “Jorge”, segue-se que non habemus papam: habemus papa-açorda. Depois, ficamos sem saber como é possível a um pastor actuar em dissonância com a doutrina — é o que defende Anselmo Borges e o papa-açorda Francisco: alegadamente, “a mudança é pastoral, não doutrinal”; ¿o que é um pastor de almas sem doutrina?!

O Anselmo Borges fala na compaixão do "papa Francisco"; o que ele não diz é que a compaixão do "papa Francisco" serve como justificação generalizada para a inveja.

Não é a verdadeira compaixão cristã: trata-se, em vez disso, de uma perversão do conceito de “misericórdia” que alimenta a inveja e o pior que existe na Natureza Humana.

Escreve o Anselmo Borges :

“Também o The New York Times de 19 de Setembro chamou para a primeira página a figura de Francisco, "um Papa humilde, a desafiar o mundo", "um pastor e não um rei", que "alcançou em pouco tempo uma estatura global única".

Nunca é demais recordar o episódio relatado por Diógenes Laércio: Antístenes, o cínico, semi-nu e envolto na sua capa rota, dizia que Platão era um vaidoso e que se comportava como um cavalo que se pavoneia. E Sócrates, vendo que Antístenes exibia ostensivamente a parte mais degradada da sua capa, dizia-lhe: “ Vejo, pelo teu manto, ó Antístenes, que procuras a glória...!”

O "papa Francisco" também procura a glória: não a glória da transcendência, mas antes a glória da imanência, a glória mundana e da memória póstuma dos homens.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Neste blogue não são permitidos comentários anónimos.