O Anselmo Borges escreve:
“Jesus é condenado em primeiro lugar pela religião oficial, cujos sacerdotes viram os seus poderes e privilégios ameaçados. Do pior que há: viver à custa da religião e condenar à humilhação, à submissão e indignidade, à violência, à morte, utilizando o santo nome de Deus”.
Para o Anselmo Borges, clero e religião são incompatíveis — conforme podemos constatar pelas palavras que ele próprio escreveu: Jesus Cristo é condenado pelos sacerdotes. Isto não é apenas uma interpretação minha: decorre da leitura literal do trecho de Anselmo Borges, ou seja, é um facto.
Por definição, “religião” é um conjunto de crenças e de ritos que compreendem um aspecto subjectivo (o sentimento religioso) e um aspecto objectivo (as cerimónias, as instituições, os ritos, e um templo).
Mas, para o Anselmo Borges, religião é apenas o conjunto de crenças e de ritos que compreendem um aspecto subjectivo; o aspecto objectivo da religião é classificado negativamente pelo Anselmo Borges — a não ser que as instituições, as cerimónias e os ritos sirvam apenas para valorizar o aspecto subjectivo da religião. Ou seja, segundo o Anselmo Borges e na esteira do papa-açorda Francisco, o aspecto objectivo da religião deve anular-se (niilismo).
Esta forma de pensar — a de Anselmo Borges — é uma forma de negação da religião.
Enquanto que o Cristianismo parte do princípio de que Jesus Cristo é um exemplo a seguir (dada a excentricidade e excepcionalidade de Jesus Cristo em relação ao humano), a “religião” do Anselmo Borges e do papa-açorda Francisco parte do princípio de que Jesus Cristo é um exemplo a assumir (na medida em que a natureza de Jesus Cristo é vista como humanamente possível, e, por isso, perfeitamente passível de ser emulada pelo ser humano).
Anselmo Borges parte da defesa subjectiva do Cristianismo para a negação objectiva do Cristianismo — tirando partido dos erros humanos: “se o clero católico erra, e se o ser humano pode e deve ser perfeito tal como Jesus Cristo foi, então segue-se que o clero não faz sentido, e o aspecto objectivo da religião deve ser eliminado”.
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