“Dizer-se que uma determinada matéria está “politizada” é uma frase que, na esmagadora maioria dos casos, é inútil. Todas as matérias que dizem respeito à polis, à sociedade humana, aos homens e às mulheres, colectivamente ou em grupo, são naturalmente políticas.”
→ José Pacheco Pereira — “A política dos negacionistas e anti-vacinas”
A ideia de que “tudo é, naturalmente, política” (toda a Realidade pertence à política — incluindo as religiões e o conceito de “universo”, na esteira da tradição ideológica de Feuerbach e Karl Marx) é originalmente marxista, mais tarde cooptada por um certo liberalismo radical (adoptado em Portugal pelo IL - Iniciativa Liberal, na esteira ideológica de Ayn Rand, Nozick, et all) ) de uma determinada ideologia de mercado muito actual e em voga, que viu na ideia marxista de “ausência do tempo privado” do cidadão uma forma de expandir ad infinitum a ideia de “mercado”: quem vive hoje e em geral, ou não tem uma noção adequada de “privacidade”, ou não se preocupa com ela.
Para Karl Marx, mesmo quando o cidadão (no suposto e ideológico conceito dos “tempos finais da revolução”) se dedicava a actividades pessoais gratificantes e lúdicas (ou seja, o paraíso na Terra), o tempo “privado” desse cidadão seria também político (ou público). Esta abolição marxista do tempo privado foi iniciada por Engels, nomeadamente através do seu (dele) conceito de “família” que era exactamente a antítese do conceito da família ateniense. O marxismo é a negação da civilização.
Ou, como escreveu Fernando Pessoa:
“O marxismo não é uma doutrina porque é uma anti-doutrina, ou uma contra-doutrina. Tudo quanto o Homem tem conquistado, até hoje, de espiritualidade moral e mental — isto é, de civilização e de cultura — tudo isso o marxismo inverte para formar a doutrina que não tem.”
Hoje, uma grande parte das pessoas abandona a vida pública apenas durante as horas em que vai dormir.
Porém, para os teóricos marxistas clássicos, até o tempo que o cidadão passa a dormir (que na tradição greco-romana era considerado um tempo privado) faz parte do tempo político que é, por sua própria natureza, um tempo público.
Ora, esta absolutização do conceito de “pólis” (ou seja, esta ideologização do conceito de “tempo”) não existia na Grécia Antiga, como é sabido, onde o privado, por um lado, e público (ou político), por outro lado, era muito bem separado; e nem existia na república e no império romanos. Ao longo da Idade Média, a distinção entre “tempo privado”, por um lado, e “tempo político” (ou tempo público), por outro lado, seguiu a tradição greco-romana, e foi reforçada com os conceitos cristãos de “tempo profano” e “tempo sagrado”.
A ideia que o José Pacheco Pereira tem da “pólis” é deformada pelo marxismo; o José Pacheco Pereira é um indivíduo cognitivamente deformado.
E esta é uma das razões por que o partido IL - Iniciativa Liberal não é considerado, pela Esquerda Pacheco-Pereirista, como sendo de “extrema-direita” (embora seja considerado de “direita”), porque toda essa gente comunga (nomeadamente) da ideia de que o tempo privado, ou não existe, ou é profundamente limitado pelo tempo público— sendo que, para o IL - Iniciativa Liberal, o tempo privado é limitado devido a uma ideologia que absolutiza a noção de “mercado”.
Para os marxistas, a “pinadela” que o Zé dá na vizinha dele é um acto político (ou é, pelo menos, um acto semi-público); com os marxistas, a vida privada tende a desaparecer. E para o IL - Iniciativa Liberal, por exemplo, as taras sexuais manifestadas em eventuais e esconsos quartos privados tendem a aparecer no mercado das notícias consumíveis (tendem a ser públicas) por uma sociedade que nunca dorme com e em relação à “Pólis”.
Quando lemos o José Pacheco Pereira ficamos espantados com o facto de ninguém se atrever a vir a terreiro dizer que “o rei vai nu” — por exemplo, no programa televisivo que o Pacheco partilha com um advogado ligado ao CDS, verificamos como a pusilanimidade da elite dita de “Direita” impede o contraditório ideológico.
O José Pacheco Pereira é o exemplo acabado da razão que tinha G. K. Chesterton, quando escreveu:
“A marca especial do mundo moderno não é o cepticismo; mas antes é um dogmatismo inconsciente”.
O José Pacheco Pereira é um dogmático sem que tenha consciência disso — porque se não o fosse, teria pelo menos em consideração os argumentos daqueles a que ele (irracionalmente) rotula de “negacionistas”. O ápodo de “negacionista” passou a ser uma arma de arremesso ideológico e maniqueísta, com claríssimos tiques autoritaristas.
Desde logo, o José Pacheco Pereira deveria procurar saber o que é uma “terapia mRNA” (aquilo que os me®dia chamam de “vacina”, mas que não imuniza nada nem ninguém); porém, o Pacheco continua a dizer que a “vacina” do COVID-19 imuniza!, porque este discurso de negação da realidade (a ideologia é, por definição, uma forma de negação da realidade) faz parte de uma determinada narrativa (que une circunstancialmente os liberais radicais e os marxistas) que se insere em uma estratégia política clara (só um burro não vê!) de limitação drástica das liberdades individuais, em favor da aplicação (muitas vezes em forma de actos gratuitos) de critérios políticos arbitrários provenientes dos fóruns internacionalistas (tipo fórum económico de Davos, aka World Economic Forum) e das elites globalistas que pretendem abolir as nações e a liberdade do indivíduo.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Neste blogue não são permitidos comentários anónimos.