Quedei-me a ler este texto do Anselmo Borges, que é uma ode aos cuidados de saúde — depois de ter lido estoutro, em que o CEO (Luc Van Gorp) de uma empresa (de raiz cristã) de seguros de saúde belga (Mutualité Chrétienne) defende a ideia segundo a qual as pessoas que estão cansadas de viver deveriam ser eutanasiadas.
Porém, tanto no caso do Anselmo Borges e no da empresa cristã de seguros belga, o aborto livre é um elefante no meio da sala.
Na Bélgica como no resto da Europa, a população com mais de 80 anos de idade duplicará até ao ano de 2050. A pressão financeira em torno dos cuidados de saúde, medicação e lares de idosos aumentará brutalmente.
Mais dinheiro investido em cuidados de saúde não é a solução — diz Van Gorp:
“Independentemente do montante investido em cuidados de saúde, ainda assim esse investimento não será nunca suficiente”.
Portanto, a ideia progressista (advogada também pelos defensores da eutanásia, como por exemplo a progressista Isabel Moreira) é a de criar tantas dificuldades à vida das pessoas que têm problemas de saúde que elas desejem morrer eutanasiadas.
Ou seja, não se trata apenas da eutanásia para doentes terminais ou pessoas que sofrem dores insuportáveis: qualquer doente crónico terá problemas de tratamento tais e suficientes para pedir a eutanásia.
A eutanásia transforma-se, assim, num dever social. E através do estatuto de dever social, torna-se em um imperativo ético.
Esta é a agenda utilitarista da eutanásia liderada em Portugal por Isabel Moreira, IL [Iniciativa Liberal], partido LIVRE e Bloco de Esquerda.
O leitor perguntará: ¿o que é que o belga Van Gorp tem a ver com o ex-padre Anselmo Borges?
Resposta: ambos defendem a legitimidade do aborto, embora ambos se digam “cristãos”.
O aborto está no centro do problema demográfico português e europeu. Para que as mulheres portuguesas possam abortar à vontadinha, (por exemplo) a marxista Isabel Moreira defende a imigração à vontadinha — como se imigração livre fosse a solução demográfica para o aborto livre.
Em vez de o Estado apoiar inequivocamente as famílias numerosas portuguesas, prefere apoiar equivocamente as famílias de imigrantes que, em uma segunda geração, seguirão a cultura vigente do aborto livre; portanto, o problema perpetua-se, a inversão da pirâmide social não se resolve com a imigração.
A Isabel Moreira apenas empurra o problema com a barriga. E o povo português é que paga os desmandos de uma elite política composta maioritariamente por filhos-de-puta.
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