Assistimos hoje, de uma forma generalizada, ao argumento do determinismo biológico para justificar, do ponto de vista ético, os mais variados comportamentos.
O ser humano está a ser reduzido, pelas elites políticas e culturais, a um animal irracional, através da ideia segundo a qual a “pessoa já nasceu assim” e, portanto, está desculpado o seu comportamento. Segundo esta visão do ser humano e da sociedade, o ser humano não é livre (não tem livre-arbítrio); e partindo do princípio de que o ser humano não é livre, todas as mundividências totalitárias (em que existe uma minoria que se considera “livre” e “iluminada”, em contraposição à maioria que não é) estão automaticamente justificadas.
A justificação de todos os comportamentos à luz do determinismo biológico (que, na maior parte dos casos, não existe!) não é só característica da Esquerda: também a Direita liberal, que seguiu e adoptou o Marginalismo, acaba por dar razão à Esquerda na retirada do livre-arbítrio ao ser humano, porque, segundo os liberais, o desejo subjectivo da pessoa justifica qualquer tipo de comportamento desde que não vá contra a lei.
Portanto, a única coisa que a Esquerda tem que fazer, para controlar a Direita liberal, é mudar sistematicamente as leis no sentido da afirmação crescente da subjectividade individual, para que a Direita liberal se sinta mais confortável em relação à justificação ética dos mais abstrusos desejos e subjectividades do cidadão. Ou seja, a Esquerda e a Direita liberal trabalham no mesmo sentido: o de erradicar do ser humano a noção de liberdade propriamente dita, que corresponde à noção de livre-arbítrio.
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