segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Os três tipos de ateu

 

Há três tipos de ateu: o “ateu racionalista”, o “ateu místico”, e o ateu propriamente dito.

Um exemplo de um ateu racionalista foi Espinoza: na sua Ética referiu-se sistematicamente a Deus porque a Razão era vista por ele como um dom divino e, por isso, uma característica do ser humano que não só se identificava com Deus, mas que era (o homem) também parte integrante de Deus (Deus sive Natura). Este tipo de ateu vive ofuscado pela imagem do Todo e perde o sentido utilitarista da vida: na maior parte dos casos assume uma ética não-utilitarista e é capaz de grandes gestos humanitários.

O ateu místico pode ser representado, por exemplo, por Albert Camus. É o ateu que faz a crítica do racionalismo, acusando-o de tentar submeter o Real ao domínio da Razão. Para ele, a submissão do Real ao Racional é a causa das hecatombes humanitárias do século XX, dos morticínios em massa que têm a sua origem numa falsa escolástica (a ideologia política) que justifica racionalmente os assassínios sacrificiais da modernidade. Este tipo de ateu também não é utilitarista e tem uma sensibilidade ética apurada.

Finalmente, temos o ateu propriamente dito, que pode ser representado por Peter Singer ou pelo Daniel Oliveira. O ateu propriamente dito é aquele que tenta submeter o Real ao Racional, embora o racionalismo deles não passe de uma falsa escolástica afinada para matar em massa: são eles os responsáveis pelos milhões de vítimas inocentes abortadas pela tentativa de submissão do Real à Razão deificada.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Neste blogue não são permitidos comentários anónimos.