sexta-feira, 6 de junho de 2014

Kagaku

 

Kofuku no Kagaku é o nome de uma nova religião japonesa que foi fundada em 1986 por Okawa Ryuho, nascido em 1956, na ilha japonesa de Shikoku, com o nome de Nakagawa Takashi. A quantidade de novas religiões no Japão é impressionante: poderia fazer aqui uma lista com algumas dezenas delas, quase todas elas sincréticas (tentando aglutinar princípios do xintoísmo, do Budismo, do Confucionismo, do xamanismo, e até do Cristianismo).

Aum-Shinrikyo-sarin-gasA religião Kagaku concorreu a eleições políticas. Uma das particularidades das novas religiões japonesas é a de poderem concorrer a eleições políticas, como se se tratassem de um qualquer partido político. Por exemplo, a nova religião japonesa que dá pelo nome de Aum Shinrikyo, fundada por um cegueta conhecido por Shoko Asahara (nascido Matsumoto Chizuo), concorreu às eleições gerais japonesas de 1990, mas não conseguiu eleger nenhum deputado.

Furioso com o seu insucesso político, o cegueta Asahara e fundador da nova religião Aum Shinrikyo, lançou um ataque de gás sarin no metropolitano de Tóquio em 1995, causando a morte de doze pessoas e ferimentos em milhares de outras. As leis de liberdade religiosa no Japão são de tal modo laxistas e permissivas que essa nova religião do cegueta Asahara ainda hoje existe legalizada, mesmo depois da tragédia de 1995.

Algumas dessas novas religiões japonesas são muito populares no Brasil, e por isso não vou aqui falar delas para não ferir susceptibilidades — porque no Brasil ainda se fala português (por enquanto).

Muitas das novas religiões japonesas são milenaristas e apocalípticas. E o que é interessante verificar é que o fenómeno do aparecimento das novas religiões no Japão, que se iniciou a partir da segunda metade do século XIX, aconteceu em simultâneo com o desaparecimento progressivo do xintoísmo e do Budismo como religiões propriamente ditas, por um lado, e, por outro lado, com a instrumentalização do xintoísmo, pelo nacionalismo político imperial japonês, como uma espécie de religião política. E é interessante verificar que muitas das novas religiões japonesas consideram (ainda hoje) o imperador japonês como uma divindade — ou seja, são também religiões políticas.

Na medida em que a religião espiritualista desaparece (principalmente o Budismo) da cultura japonesa, apareceram novas religiões imanentistas e até políticas, em uma quantidade tão grande que surpreende. Eu contei cerca de vinte novas religiões no Japão e desisti de contar.

2 comentários:

  1. Esses novas religiões/seitas japonesas normalmente são de uma demência total. Em termos de delírio, julgo que a pior será a dos raelianos que acreditam que um dia uma nave extra-terrestre os vai vir buscar para levar para outro planeta...

    Se não estou enganado, penso que terá sido em 1997 que uma série deles se suicidou colectivamente porque acreditavam que uma nava cheia de extraterrestres os vinha buscar assim que morressem. Um dos que se matou até tinha sido uma das pessoas que havia participado no desenvolvimento da pirâmide alimentar. Incrível, gente supostamente culta e educada acreditar em loucuras dessas...

    Publiquei:

    http://historiamaximus.blogspot.pt/2014/06/kagaku.html

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  2. Os que cometeram suicídio em massa afinal não eram raelianos, eram de um grupo ainda mais lunático chamado The Heaven's Gate:

    http://carm.org/secular-movements/raelians/raelians-and-non-falsifiability

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