A lógica formal trata das formas dos raciocínios, independentemente do seu conteúdo ou dos objectos aos quais se referem. Por exemplo, a seguinte proposição ou silogismo:
1/ Todos os tubarões são pássaros;
2/ o meu peixe vermelho é um tubarão;
3/ então, segue-se o meu peixe vermelho é um pássaro.
Nenhuma das duas premissas é verdadeira “materialmente”, ou seja, nenhuma delas corresponde à realidade. Mas o encadeamento que as une umas às outras é válido na sua forma: a conclusão do silogismo é a consequência formal necessária das duas premissas. Por isso é que se diz que “a lógica é uma batata”.
É assim que o Domingos Faria coloca o problema da possibilidade lógica dos zômbis contra o materialismo. Se a premissa 1 é, de facto, verdadeira, a premissa 2 só é verdadeira se considerarmos que só existe consciência humana em todo o universo com milhões de galáxias. E aqui colocam-se quatro hipóteses:
a/ não é possível que exista outra consciência que não a humana em todo o universo;
b/ é possível que exista outra consciência que não a humana em todo o universo;
c/ é verosímil que exista outra consciência que não a humana em todo o universo;
d/ é provável que exista outra consciência que não a humana em todo o universo.
Eu diria que é, pelo menos, verosímil que exista outra consciência que não a humana em todo o universo. Mas podemos acreditar naquilo que quisermos.
Naturalmente que podemos dizer que “não há provas de que exista consciência no universo que não seja a humana”, mas também podemos dizer que “não há provas de que existam zômbis”. Podemos afirmar com certeza que uma coisa existe, mas já não podemos ter a certeza de que uma coisa não existe. Porém, podemos ter uma certeza: os axiomas da lógica não são físicos.
Porém, se o David Chalmers se interessasse pela ciência, e para além da Lógica, poderia ter em consideração a Interpretação de Copenhaga da Teoria Quântica: a observação da função de onda quântica (“não-matéria”, porque não tem massa) causa o seu colapso e transforma-a em partícula elementar (matéria, porque tem massa).
O físico francês Bernard D’Espagnat chegou mesmo a escrever:
«A doutrina segundo a qual o mundo é formado por objectos cuja existência é independente da Consciência revela estar em desacordo com a mecânica quântica e com os factos estabelecidos através da experiência.»
Mesmo que a observação da função de onda quântica — que provoca o seu colapso — seja feita através de um dispositivo construído pelo Homem, esse dispositivo foi construído por um ser com consciência (o Homem). Por isso, não podemos separar o colapso da função de onda quântica, por um lado, da consciência que observa, por outro lado. Poderíamos ir mais longe neste raciocínio, e colocar na equação a consciência de Deus.
A Física moderna e teoria quântica destruíram brutalmente o materialismo.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Neste blogue não são permitidos comentários anónimos.