segunda-feira, 13 de abril de 2015

Os “libertários” à custa do Estado: uma grande treta!

 

A ideia segundo a qual  a Bélgica é um melhor país para se viver do que o Chile, depende daquilo a que consideremos ser “melhor”. Por exemplo, quando se diz que a mortalidade infantil no Chile é o dobro da mortalidade infantil na Bélgica, incorre-se em uma falácia: “a estatística é a ferramenta de quem renuncia a compreender para poder manipular” (Nicolás Gómez Dávila).

Aqui em baixo: as pirâmides sociais do Chile e da Bélgica, ou seja, o espelho do futuro.

piramide_social_belgicapiramide_social_chile


Se, por absurdo, num país a taxa de natalidade é zero, a mortalidade infantil nesse país também é zero.

Se, no Chile, a taxa de natalidade (13,99 / 1000) é superior à da Bélgica (9,99 / 1000), é natural que a taxa de mortalidade infantil no Chile seja superior à da Bélgica. Até nos Estados Unidos, a taxa de mortalidade infantil (6,17 / 1000) é superior à da Bélgica (4,18 / 1000), e não consta que os Estados Unidos sejam um país subdesenvolvido — acontece que a taxa de natalidade nos Estados Unidos (13,42 / 1000) é superior do da Bélgica (9,99 / 1000), sendo que são os imigrantes muçulmanos — que não têm em conta a “igualdade” da mulher e do homem — que mais contribuem para a natalidade na Bélgica.

Por exemplo, os Estados Unidos gastam 17% do PIB em saúde, e tem uma taxa de mortalidade infantil superior à da Bélgica que gasta 10% do PIB em saúde — isto porque a taxa de natalidade (o número de crianças nascidas) é superior nos Estados Unidos, como já vimos. Quanto mais crianças nascerem, maior é a probabilidade de se morrer à nascença, e isto independentemente de todo o dinheiro do mundo que se possa gastar em saúde.

O Ludwig Krippahl serviu-se na estatística da mortalidade infantil para defender que a alta taxa de divórcio na Bélgica não é um mal: “é a cura do mal”, diz ele — ou seja, não tem nada a ver o cu com as calças, quanto mais não seja porque o muçulmano imigrante na Bélgica raramente se divorcia e até pode ter várias mulheres. O discurso do Ludwig Krippahl faz lembrar um diálogo de um sofista com um cidadão de Atenas:

(sofista): “¿Tu dizes que tens um cão?”
(cidadão): “Tenho; um bom patife.”
(sofista): “¿E tem cachorros?”
(cidadão): “Tem; e são muito parecidos com ele.”
(sofista): “¿E o cão é pai deles?”
(cidadão): “É; eu vi-o a ele na companhia da mãe dos cachorros.”
(sofista): “¿E ele não é teu?”
(cidadão): “Pois claro que é!”
(sofista): “Então, ele é pai e é teu; portanto, é teu pai, e os cachorros são teus irmãos!”

Este diálogo retrata a esperteza sofista do Ludwig Krippahl.


igualdade da mulher

Quanto ao mito da “igualdade” da mulher e do homem, que o Ludwig Krippahl defende através da “cura do divórcio”, ele vem de longe: não só do mito das amazonas, mas sobretudo do mito da “igualdade” do homem e da mulher em Esparta, retratada no “Licurgo” de Plutarco. Aristóteles escreveu que, em Esparta, cerca de metade das terras pertenciam a mulheres, e daí a grande redução de números de cidadãos: chegaram a ser dez mil na cidade, mas quando da sua derrota pelos tebanos eram menos de um milhar.

Até Aristóteles, já no seu tempo, verificou que a igualdade literal da mulher reduz a população de um país — e o que salva a Bélgica, para já, é a mundividência diferenciada dos imigrantes muçulmanos. E um país com população decrescente não tem economia nem futuro.

Quanto ao divórcio, a sua relação com o PIB de um país pode ser apenas indirecta. Não podemos dizer que quanto maior o PIB, maior é a taxa de divórcio, como é evidente. Portanto, temos que procurar as causas reais e directas da alta taxa de divórcio na Bélgica noutro sítio que não no PIB nem no dinheiro gasto com a saúde maternal (como defende o Ludwig Krippahl).

Cada país é um caso concreto, como é óbvio. No caso da Bélgica, a alta taxa de divórcio é culturalmente induzida na população não-muçulmana pelas elites políticas e outras — seja através da oficialização de uma ética de Estado utilitarista (o que acontece também em Portugal), seja através do apoio financeiro massivo do Estado às mães solteiras e/ou divorciadas (o que já não acontece em Portugal).

Na Bélgica, o Estado tende a substituir a família natural (com excepção das comunidades islâmicas). Portanto, ser libertário à custa do Estado é uma grande treta!

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