segunda-feira, 26 de outubro de 2015

'Somos todos anormais' — diz o Observador acerca dos 'vários tipos de famílias'

 

No sítio do Observador (que se diz “de direita”) aparece o seguinte artigo:

“Duas mães por inseminação, dois pais por adopção, uma mãe lésbica solteira e uma mãe transgénero. Famílias LGBT vindas de toda a Europa juntaram-se em Lisboa.

Uma mensagem comum: somos todos normais”.

somos-todos-normaisSe somos todos normais, segue-se que não existe norma; e se não existe norma, segue-se somos todos anormais. Portanto, em vez de se dizer que “somos todos normais”, deveria ser dito pelo Observador que somos todos (alegremente) anormais.

A norma é o critério ou princípio que rege a conduta ou o comportamento, ou ao qual nos referimos para fazer um juízo de valor; e é "normativo" qualquer juízo ou discurso que enuncie tais princípios. Se não existe norma, então não faz sentido fazermos um qualquer juízo de valor; passa a ser legítima a lei da selva.

Ser “normativo” é privilegiar ou até mesmo procurar impôr valores, e só uma comunidade de valores pode fundar a adesão a um juízo normativo.

No caso da tese do Observador, o juízo normativo consiste na ausência de normas — na medida em que somos todos anormais. A aceitação do conceito de “anormalidade universal” é uma forma de “inclusão social”: para não discriminarmos o anormal, passamos a incluir toda a gente na anormalidade.

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