quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Ana Sá Lopes: a noiva do Frankenstein

 

Ana Sá Lopes parece sair de um filme do Frankenstein para nos aterrorizar:

“Estamos a assistir ao regresso às trevas aqui ao lado, em Espanha. A lei do aborto da autoria do ministro da Justiça, Alberto Ruiz-Gallardón, faz voltar a legislação do país sobre interrupção voluntária da gravidez aos tempos soturnos do franquismo.”

ana sa lopes frankestein web


Vejamos os factos.

Ao contrário do que diz a noiva do Frankenstein, no tempo do franquismo o aborto era totalmente proibido, em qualquer circunstância, e ponto final. A comparação entre esta revisão da lei do aborto em Espanha, por um lado, e o tempo do franquismo, só pode vir de uma mente psicótica, sem aderência à realidade.

Vamos aos números.

1/ Em 2012, a taxa de aborto em Espanha baixou em 6.000 abortos; mas também baixou a taxa de população fértil: Espanha perdeu (emigração, na maioria) cerca de 500 mil pessoas com idade entre os 15 e os 39 anos. Portanto, invocar a baixa do aborto em Espanha para argumentar contra esta lei de Rajoy, é falácia.

2/ Desde 1985, foram abortadas mais de um milhão e meio de crianças espanholas (mais de 100.000 cidadãos a cada ano). A população espanhola é hoje velha.

3/ 2012 foi o ano em que Espanha perdeu população (líquida), o que já não acontecia desde a Guerra Civil Espanhola.

4/ Com a lei socialista do aborto de 2010, que liberalizou o aborto “a pedido da freguesa”, Espanha teve, em 2012, tantos abortos como em 2006 (cerca de 112.000), embora com menos jovens vivendo em Espanha — em 2006 havia mais 1,2 milhões de jovens no país (entre 15 e 40 anos); e havia, em 2006 e em comparação com 2012, mais 1,4 milhões de jovens entre os 15 e os 29 anos.

5/ Em Espanha, e em 2012, abortaram 112.390 mulheres, 91% das quais sem invocar qualquer razão objectiva para o aborto. Com a nova lei, essas mulheres não poderão abortar.

6/ Apenas 1 em cada 4 mulheres que abortam dizem estar desempregadas. Os problemas económicos não explicam 3 em cada 4 abortos.

7/ 62% das mulheres que abortam dizem ter estudos secundários ou superiores.

8/ O número de mulheres que abortam 3 ou mais vezes, já é de 4% do total das mulheres que abortam — número que tem vindo a crescer, o que significa que existe a tendência cultural para transformar o aborto em um método anti-conceptivo.

Portanto, face a esta realidade, é bom que a Ana Sá Lopes volte para o seu castelo do Frankenstein, porque é lá que ela está bem. Ou então, que seja interditada e internada num hospital psiquiátrico.

marcha-vida

1 comentário:

  1. Só posso a lamentar que a Espanha ainda não proibiu, totalmente o aborto. Nada justifica o assassinato de seres humanos indefesos. Li a publicação dela inúmeras vezes até entender que ela estava se queixando da legislação sobre aborto e que a Espanha estaria retrocedendo com a proibição. Parabenizo Orlando Braga por ter refutado toda argumentação dela, com maestria e fatos históricos verdadeiros. (é a 5ª tentativa de postar comentário)

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