A Esquerda actual — e também a extrema-direita: les bons esprits se rencontrent... —, em vez de falar de “anti-semitismo”, utiliza agora o termo “sionismo”. “Sionismo” passou a ser uma palavra-mestra que implica a exigência de uma ideia-mestra — a “lógica de uma ideia”, parafraseando Hannah Arendt.
“Sionismo” deriva do termo hebraico “Sião” que significa “fortaleza” ou “rocha”, para designar Jerusalém. No século XIX surgiu na Europa um movimento sionista que defendia o retorno dos judeus a Israel — ninguém tem dúvidas de que a Jerusalém histórica é judia. Theodore Herzl (1860 – 1904) desenvolveu um programa político que reclamava direitos de um Estado soberano sobre o território, então sob jurisdição do califado turco. O programa político de Herzl foi apoiado pela famosa Declaração de Balfour de 1917.
Após a II Guerra Mundial e os horrores do Holocausto, a criação de um Estado judaico recebeu o apoio das Nações Unidas e, em 1948, formava-se o Estado de Israel.
Portanto, ¿O que é “sionismo”? O sionismo é um movimento político que defende a existência de um Estado de Israel e encoraja, ainda hoje, os judeus da diáspora a regressarem a Israel.
Para os sionistas — muitos dos quais não são religiosos — esse Estado detém uma grande importância enquanto protector do povo e da cultura judaicos.
A Raquel Varela, a propósito daquilo a que ela chama de “sionismo”, defende a ideia segundo a qual se deve “impedir qualquer concentração de poder” — mas o partido em que ela milita defende a concentração de poder nas mãos de uma elite comunista. Ou seja, segundo a Raquel Varela, a concentração de poder no Partido Comunista é boa; e a dos outros é má.
Por outro lado, a Raquel Varela, na sua qualidade de militante do Partido Comunista, é soberanista quando se trata do Estado de Portugal; mas quando se trata do Estado de Israel, já não é soberanista. Ela é soberanista nuns casos, mas noutros não: tem dias; ou depende da subjectividade dela.
Transcrevo um texto do Reinaldo Azevedo:
“Quando se fala que o Hamas recorre a escudos humanos no confronto com Israel, o que, obviamente, provoca um grande número de mortos, muitos críticos da política israelense contestam o que é uma evidência. Dizem que essa afirmação faz parte da máquina de propaganda de Israel. Será mesmo?
Abaixo, há um vídeo do dia 8 deste mês. Trata-se de uma entrevista que o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, concede à Al-Aqsa TV, que é a televisão do Hamas. Prestem atenção, em especial a partir dos 32s. Traduzo na sequência.”
À Raquel Varela não lhe faz confusão que o Hamas utilize crianças como escudos humanos.
Para ela, isso é normal — faz parte daquilo a que ela chama de “civilização em Gaza”. Ela não se importa que morram crianças porque são utilizadas cobardemente como escudos humanos. Aliás, ela não só não se importa com a morte daquelas crianças, como até defende que devem morrer mais crianças na sua função política de escudos humanos em uma guerra, e em nome da “civilização em Gaza”.
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