terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

O Paulo Sanduíche não consegue entender Immanuel Kant

 

Existe gente psicótica que se torna muito perigosa, como é o caso do Paulo Sanduíche — porque defendem a constituição de um leviatão europeu totalitário, e sem qualquer remorso: pelo contrário, fazem uma apologia entusiástica de um novo tipo de totalitarismo crescente na Europa.

Pergunto-me: ¿quem lhe paga para escrever esta merda?!

O Paulo Sanduíche reduz a realidade social inteira à economia — o que faz dele um estúpido elevado à potência infinita. Ele é de opinião de que, se o povo vive bem, deve obedecer caninamente, dando razão a Kant quando este escreveu [Teoria e Prática, 1793]:

“Um governo que fosse fundado sobre o princípio da benevolência para com o povo — tal o do pai para com os seus filhos, quer dizer, um governo paternal —, onde, por consequência, os sujeitos, tais filhos menores, incapazes de decidir acerca do que lhes é verdadeiramente útil ou nocivo, são obrigados a comportar-se de um modo unicamente passivo, a fim de esperar, apenas do juízo do chefe do Estado, a maneira como devem ser felizes, e unicamente da sua bondade que ele o queira igualmente — um tal governo, digo, é o maior despotismo que se pode conceber.”

A mundividência do Paulo Sanduíche é semelhante à do Peter Singer: eleva o critério de “utilidade” a um princípio de conduta de vida: aquilo que é útil para o indivíduo ou para a sociedade deve ser designado de “bom”.

sandwich-300-webMas o utilitarismo do Paulo Sanduíche tem um problema fundamental: ¿quem define o que é útil? ¿E para quem há-de ser útil? Além disso, se os valores são estabelecidos de acordo com critérios de utilidade individual ou mesmo social, uma pessoa pode sempre abandonar esses critérios por mera prudência egoísta.

Quando o utilitarista Peter Singer defende a ideia segundo a qual os seres humanos com deficiências graves não têm qualquer direito à vida, justifica a sua opinião com a situação real de um deficiente como “uma vida que não vale a pena ser vivida”; mas também porque (alegadamente) a sociedade pode poupar dinheiro com a eutanásia dessas pessoas.

De um modo análogo, o Paulo Sanduíche reduz a realidade inteira à utilidade da economia. Pergunta ele:

“¿Se os europeus vivem melhor do que nunca viveram antes, por que razão votam em partidos radicais que são contra a União Europeia?”

Naturalmente que os “partidos radicais” são aqueles com os quais o Sanduíche não concorda. Esta Europa globalista do Sanduíche e do George Soros entrou já por uma deriva totalitária com a condenação pública da liberdade de expressão. Já perderam a vergonha.

O Sanduíche não consegue entender o Immanuel Kant.


O que move o Sanduíche a escrever aquela merda é ideologia pura e dura, e não uma mera utopia.

A utopia é um desejo que se sabe não realizável na prática. Segundo Kant, é apenas um ideal regulador que assume uma dimensão crítica de que não se espera realização. A utopia regula a marcha da História para que não se descambe na incivilidade e na tirania. Os teóricos utópicos têm consciência dessa natureza reguladora da utopia, e sabem que os ideais utópicos absolutos não são realizáveis na prática. A utopia é como a esperança que coloca o Bem sempre como um absoluto que sabemos que não podemos atingir na (nossa) realidade. A utopia tem uma função e um papel ético-moral; as consequências políticas da utopia vêm em segundo lugar e não são, por isso, o seu objectivo principal; ela não transporta consigo a certeza do futuro, mas apenas a noção de um lugar que não pertence a lugar nenhum. A utopia apela ao indivíduo e à ética individual; não é uma profecia mas apenas uma conjuração das consciências individual e colectiva. Por isso é que as utopias foram criticadas pelos ideólogos, como Karl Marx criticou o “socialismo utópico”.

Ideologia (a “lógica de uma ideia”, segundo Hannah Arendt) é coisa diferente de utopia. A ideologia é a base filosófica de uma religião política. Não apela necessariamente à ética — aliás, na religião política, a ética torna-se indiferente e relativizada. Para a religião política (e portanto para a ideologia), são apenas importantes os rituais sacrificiais que definem a elite de iluminados, e independentemente de qualquer construção ética.

Segundo Hannah Arendt, todo o pensamento ideológico (as ideologias políticas) contém três elementos de natureza totalitária:

1/ a pretensão de explicar toda a realidade;

2/ dentro desta pretensão de explicar tudo, está a capacidade de se afastar de toda a experiência;

3/ a capacidade de construir raciocínios lógicos e coerentes que permitem crer em uma realidade fictícia a partir dos resultados esperados por via desses raciocínios — e não a partir da experiência.

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