quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A falácia libertária de esquerda

 

O chamado “liberalismo de esquerda”, ou “libertarismo de esquerda”, é uma forma de minar por dentro o liberalismo propriamente dito; é uma forma de anarquismo que já não utiliza bombas com pólvora, mas antes adoptou “bombas ideológicas” que pretendem atingir os princípios liberais da democracia.

Um indivíduo de esquerda (marxista, ou de influência ideológica marxista) não pode ser liberal ou libertário; o mais que pode ser é anarquista, que é coisa diferente.

Um certo povo citadino, principalmente de Lisboa, tem vindo a ser enganado por gente como Daniel Oliveira e o Bloco de Esquerda, e depois pelo Partido Socialista de José Sócrates e António José Seguro que “absorveu” o “libertarismo” do Bloco de Esquerda, e até já o Partido Comunista é “libertário” (!!) quando assume posições favoráveis ao "casamento" gay e à adopção de crianças por pares de invertidos (Álvaro Cunhal deve andar às voltas no túmulo).


O liberalismo (por exemplo, Karl Popper) e/ou o libertarismo (por exemplo, Ron Paul, nos Estados Unidos) não podem ser marxistas (ou de influência ideológica marxista) porque seria uma contradição em termos.

Se lermos Karl Popper, ele atribui à tradição o valor mais seguro do conhecimento e do saber, embora a tradição não possa ser considerada dogmática. Ou seja, podemos e devemos fazer uma análise crítica da tradição embora tendo em conta o facto de ela ser o elemento mais seguro do saber e do conhecimento. Portanto, um dos pilares do liberalismo é a tradição.

Outro pilar do liberalismo é a democracia e os seus instrumentos de validação (por exemplo, o referendo). Karl Popper é a favor dos referendos quando existem objectivamente dúvidas acerca da vontade do povo acerca de matérias nas esferas dos costumes e da tradição.

Um terceiro pilar do liberalismo propriamente dito é o “princípio da autonomia” de Kant, cujo corolário é o seguinte (nas palavras do próprio Karl Popper) : “não existe qualquer autoridade que se sobreponha à crítica, e a verdade está para além de toda a autoridade humana” — ou seja, a Verdade está em Deus. Se a verdade está em Deus, qualquer autoridade humana não se pode substituir a Deus, e, portanto, está sempre sujeita à crítica.


O que tem acontecido ultimamente é uma prostituição do liberalismo e da democracia, não só por parte de alguns militantes e deputados do Partido Social Democrata, mas também por parte de alguns “liberais” do CDS/PP que de liberais não têm nada (aliás, eles nem fazem ideia do que são). A posição do CDS/PP na votação do referendo foi vergonhosa, e a postura de Bagão Félix de ontem na SICn acerca do referendo foi lamentável.

Um certo anti-tradicionalismo radical por parte de pessoas que se afirmam “liberais” (como por exemplo o João Miguel Tavares) é uma contradição em termos — e faz parte dessa prostituição do liberalismo, o que revela que “vivemos numa época em que o irracionalismo voltou a estar na moda” (Karl Popper). Ser irracional, defender uma coisa e o seu oposto, ser metodologicamente incoerente, é hoje “coisa fina”.

O chamado “liberalismo de esquerda”, ou “libertarismo de esquerda”, é uma forma de minar por dentro o liberalismo propriamente dito; é uma forma de anarquismo que já não utiliza bombas com pólvora, mas antes adoptou “bombas ideológicas” que pretendem atingir os princípios liberais da democracia.

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